quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Story in progress...

V

O melhor era tentar decifrar o código.
— Ora vamos lá ver...
Tentou racionalizar. Havia números e letras; tinha mais números que letras; aquilo parecia não fazer sentido gramaticalmente, portanto não seria uma frase. Tentou trocar os números por letras e as letras por números. As letras "FINDAWAY" parecia mesmo uma data, com o ano primeiro e o A = 0. Parecia mesmo 1984/07/02, a sua data de nascimento. Tinha a sensação, não se lembrava porquê, que aquilo estava certo. Depois, "SOLVETHEMYSTERY" podia ser um número de telefone, tipo, 0035195243129. Já os números... bom, podiam ser so para baralhar, noise para esconder a data e o telefone (mas de quem seria este número de telefone e porque estava associado à minha data de nascimento?). Tentou o alfabeto corrido, fazia sentido.
Escreveu, então, a seguir a "Type the answer:"

ABCDEFGH19840702IJKLM00351952431290NOPQRSTUVWXYZ
E apareceu a seguinte mensagem:

Wrong answer. Try again
— Eh pá, deixa-te de coisas e escreve qualquer coisa — disse, falando para si mesmo.
E escreveu mesmo qualquer coisa, umas teclas ao calhas. Apareceu isto:

Wrong answer.
OK, here's a clue: To each number there is a letter To each letter there is no matter But there is a snag The none is the gag

— O quê??? Each number there's a letter, but the letters don't matter? Mas que raio de coisa é esta?
Estava confuso e demasiado curioso para conseguir pensar. E o que queria dizer snag, anyway? Era melhor mas era escrever mais qualquer coisa a ver se aparecia mais uma pista.
Digitou oura vez ao calhas e apareceu a seguinte mensagem, em bom português:

Es um triste, pah. Nem uma codigozeco consegues decifrar... Vai ter ah cantina jah!

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Um conto...

sem título

Apetecia-lhe um chá. Era tarde, era quente, era triste, o dia, mas a ela, não sabia explicar porquê, apetecia-lhe um chá. Pôs a chaleira ao lume, no velho fogão a gás, com a chama pouco azul, queimando mal. Ela tinha uma caixa de chás, uma linda caixa de madeira polida, fechada com trinco, que tinha por dentro pequenos compartimentos onde cabia o chá, em sacos ou em folha. Escolheu oolong. Bebia sempre oolong, mas mantinha outros chás não sabia bem porquê. Um saquinho de oolong basta. Tirou o bule do armário, depositou o saquinho.

A água demorava a ferver... Chamou o saci, que veio num turbilhão de vento e apagou o lume! Ela reacendeu-o e o saci riu, e rodou mais e o lume apagou-se outra vez. She frowned, mas não disse nada. Acendeu outra vez o lume, a água estava quase a ferver. O saci interessou-se por outra coisa: a bela caixa de chás. Abriu o trinco sem barulho, espreitou para dentro e os seus olhinhos travessos brilharam. Ela tirou duas chávenas e dois pires do armário, colocou duas colheres na mesa e o açucareiro vienês.

A água ferveu enfim. O saci parecia desinteressado. Ela, com um pano, pegou na chaleira e despejou a água para o bule — que já tinha o saco de chá. Repôs a chaleira ao lume, cheirou o cheiro do oolong, que já subia no ar. Nisto, quase sem ela se aperceber, o saci, rindo, abre a caixa de chás e vira-a ao contrário por cima do bule fumengante; despeja tantos chás quanto pode para dentro do bule! Ela berra, tenta agarrá-lo, a bela caixa cai no chão. Rindo sempre, o saci escapa-se, rodopia e desaparece noutro turbilhão de vento, fazendo folhas de chá voarem no ar e derrubando o bule de chá, que se parte.

E todo o chão ficou coberto com um morno mar de chá... Ela sentou-se na bancada com os pés a balouçar olhando o mar com olhinhos brilhantes. Apetecia-lhe mesmo um chá!

Escrito em Abrantes, a 26 de Dezembro de MMIX

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

This is how the birth of Jesus Christ came about


Gerard van Honthorst (1590-1656), A Adoração dos Pastores (1625~1650).
Musée des Beaux-Arts de Nantes, França.

Mt 1:18-25
18 This is how the birth of Jesus Christ came about: His mother Mary waspledged to be married to Joseph, but before they came together, she was found to be with child through the Holy Spirit. 19 Because Joseph her husband was a righteous man and did not want to expose her to public disgrace, he had in mind to divorce her quietly. 20 But after he had considered this, an angel of the Lord appeared to him in a dream and said, “Joseph son of David, do not be afraid to take Mary home as your wife, because what is conceived in her is from the Holy Spirit. 21 She will give birth to a son, and you are to give him the name Jesus, because he will save his people from their sins.” 22 All this took place to fulfill what the Lord had said through the prophet: 23 “The virgin will be with child and will give birth to a son, and they will call him Immanuel”–which means, “God with us.” 24 When Joseph woke up, he did what the angel of the Lord had commanded him and took Mary home as his wife. 25 But he had no union with her until she gave birth to a son. And he gave him the name Jesus.

Lc 2:1-18
1 And it came to pass in those days, that there went out a decree from Caesar Augustus that all the world should be taxed. 2 (And this taxing was first made when Cyrenius was governor of Syria.) 3 And all went to be taxed, every one into his own city. 4 And Joseph also went up from Galilee, out of the city of Nazareth, into Judaea, unto the city of David, which is called Bethlehem; (because he was of the house and lineage of David:) 5 To be taxed with Mary his espoused wife, being great with child. 6 And so it was, that, while they were there, the days were accomplished that she should be delivered. 7 And she brought forth her firstborn son, and wrapped him in swaddling clothes, and laid him in a manger; because there was no room for them in the inn. 8 And there were in the same country shepherds abiding in the field, keeping watch over their flock by night. 9 And, lo, the angel of the Lord came upon them, and the glory of the Lord shone round about them: and they were sore afraid. 10 And the angel said unto them, Fear not: for, behold, I bring you good tidings of great joy, which shall be to all people. 11 For unto you is born this day in the city of David a Saviour, which is Christ the Lord. 12 And this shall be a sign unto you; Ye shall find the babe wrapped in swaddling clothes, lying in a manger. 13 And suddenly there was with the angel a multitude of the heavenly host praising God, and saying, 14 Glory to God in the highest, and on earth peace, good will toward men. 15 And it came to pass, as the angels were gone away from them into heaven, the shepherds said one to another, Let us now go even unto Bethlehem, and see this thing which is come to pass, which the Lord hath made known unto us. 16 And they came with haste, and found Mary, and Joseph, and the babe lying in a manger. 17 And when they had seen it, they made known abroad the saying which was told them concerning this child. 18 And all they that heard it wondered at those things which were told them by the shepherds.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Mensagem de Novembro

Mais uma vez, mais uma destas infinitas vezes, escrevo um quasi-post apenas e só para não deixar a tab de Novembro em branco... E nunca mais acabo aquela maldita Story in progress... Nunca devia ter começado a escrevê-la aos bochechos. Pensá-la, visualizá-la, esboçá-la e só depois escrevê-la. E só depois disso postá-la aqui. Agora é tarde e, enfim, sempre é uma experiência.

sábado, 17 de outubro de 2009

Story in progress...

IV

Esta agora! Mas isto não deve querer dizer nada. Ou será que sim?
Não se coibiu de ir à porta ver se estava lá alguém e à janela a ver se alguém o estava a observar. Não esperava ver ninguém, mas alguém ali tinha ido e plantado aquele enigma, bolas! E teve de ser alguma coisa premeditava, porque ninguém inventa um enigma e escreve um código em 10 minutos...
Lembrou-se de ir mostrar à Yvonne. Copiou a estranha mensagem para um e-mail e enviou-o. Depois subiu.
— Yvonne, regard ça!
Raramente falava francês, até porque tinha consciência de que falava mal, mas aquilo saiu-lhe. E a resposta foi silêncio: a Yvonne não estava na sala. Lá estava a torre de computador escavacada e o laptop, mas desligado e fechado. Também ali estava a mochila dela...
— Onde é que ela se meteu?
Talvez na casa de banho, mas se tivesse saído por pouco tempo não teria desligado o laptop que demora tanto a reiniciar. E não foi para casa porque teria levado a mochila — e teria ido lá abaixo despedir-se dele...
Nisto ouviu um barulho na escada. Afinal sempre lá estava mais alguém, fosse Yvonne ou não. Correu para a escada, espreitou por cima do corrimão para o vão. Não viu ninguém.
Teve a fantasia de ir espreitar a casa de banho das senhoras, mas reprimiu o pensamento.
— Devem estar a gozar comigo...
Assomou ainda à sala de Yvonne mas decidiu voltar para baixo.

Due poesie da due opere...


Rinaldo:
Cara sposa, amante cara,
Dove sei?
Deh! Ritorna a' pianti miei!

Del vostro Erebo sull' ara,
Colla face dello sdegno
Lo vi sfido, o spiriti rei!

(Rinaldo, da George Friderick Handel)

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Serpina:
Il martellin d' amore
Che mi percuote ognor.

Uberto:
Mi sta per te nel core
Con un tamburo amore
Che batte forte ognor.

Serpina:
Deh! senti il "tipiti"?

Uberto:
Lo sento, è vero, si!
Tu senti il "tapata"?

Serpina:
E vero, il sento già!

(a due):
Ma questo ch' esser puo???

(La serva padrona, da Giovanni Battista Pergolesi)

Ainda Mais Citações Avulsas


"Si le Congrès danse, ne marche pas." Charles-Joseph de Ligne, à Talleyrand

"As larvas da lua / digerem a noite com mandíbulas certas"
Fiama Hasse de Pais Brandão, poetisa

"— E vós nunca cometeis erros?
— Frequentemente — respondeu. — Mas, em vez de conceber um só, imagino muitos, assim não me torno escravo de nenhum."
Umberto Eco, in O Nome da Rosa

"Vivemos numa época com realidade a mais." Fernanda Freitas, in Círculo de Leitores 187

"We are drowning in information, while starving for wisdom". E. O. Wilson, in Forensic Science mag Dec'08/Jan'09

"E pronto... andamos todos entretidos com isto. Ao menos não andamos metidos na droga." Ricardo de Araújo Pereira, in Gato Fedorento Esmiúça os Sufrágios 12, 30/09/2009

"Low input, high throughput, no output!" Sydney Brenner, 23 May 2009 at IGC

"You cannot clone a mountain!" (because a mountain is not alive!) Sydney Brenner, 23 May 2009 at IGC

"Seja qual for o defeito do seu computador, ele vai desaparecer na frente de um técnico, retornando assim que ele se retirar." uma Lei de Murphy, in Facebook

"e um olhar perdido é tão difícil de encontrar
como o é congregar ventos dispersos pelo mar"
Ruy Belo, poeta

"Quando me falaram em casamento homossexual disse logo que era contra. Mas depois mudei de opinião quando me explicaram que, afinal, não seria obrigatório e que eu podia continuar casado com a minha mulher.” Jon Stewart, comediante

"Se eu estiver certo, os alemães dirão que sou alemão, e os franceses dirão que sou filho da humanidade. Mas se eu estiver errado, para os franceses serei um alemão; e para os alemães não passarei de um judeu.” Albert Einstein


"Questo nero la notte pare lo faccia per le lucciole." Luigi Pirandello, in I gigante della montagna

"Because when you're in love you think you're invincible... It blinds you, and you don't seem to care..." Agatha Christie's Miss Marple, in The Body in the Library

"... E as árvores... quem não viu as árvores da minha terra, nunca viu árvores..." Beresford, in Felizmente há luar, de Luís de Sttau Monteiro

"Amiga amor amante amada eu morro" David Mourão-Ferreira, poeta
Amiga. Amor? Amante! Amada... Eu morro!... (minha versão)

domingo, 11 de outubro de 2009

Cecilia Bartoli canta Nicola Porpora

Ária "In braccio a mille furie" da ópera "Semiramide"
(retirada do novo álbum Sacrificium)Tremendo. Qualquer coisa que ela cante é assim, anyways... Até podia muito bem pôr aqui ela a cantar Vivaldi ou Salieri, à mesma com Giovanni Antonini & Il Giardino Armonico, que era sempre t of the ts.

As Sem-razões do Amor

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

Carlos Drummond de Andrade

Escrivães da Puridade (sécs. XIII a XVIII)


Carta de confirmação de El-Rei Dom Afonso IV dos foros e privilégios atribuidos por reis anteriores à cidade de Lisboa

Tenho andado curioso àcerca desde cargo, escrivão da puridade, que se encontra de vez em quando em qualquer biografia de um Rei português. À primeira vista, interpretaria esse cargo como um secretário pessoal do Rei, mas uma análise mais atenta levou-me a perceber que seria não um mero escriturário mas um "quase" primeiro ministro. O escrivão da puridade do Rei, pelo menos da segunda metade do século XIV até ao século XVII, situava-se hierarquicamente acima de todos os outros cargos de Estado, como chanceler-mor, conselheiro de Estado ou vèdor. Pretendo fazer uma pesquisa mais detalhada sobre estes cargos tardo-medievais e renascentistas, mas, para já, aqui fica uma listagem dos homens que exerceram o cargo de escrivão da puridade do Rei (a Rainha e os Infantes também tinham os seus próprios escrivães da puridade, mas só o do Rei é que teria funções de Estado), listagem tão completa e accurate quanto possível:

Escrivães da Puridade do Rei:

Dom Afonso III, Petro Petri scriptore secretorum regis
Dom Dinis I, Aires Martins, também vice-chanceler
Dom Dinis I, Martim de Louredo (fl. 1287)
João Domingues de Beja
Estêvão da Guarda
Gonçalo Vasques de Azevedo
Dom Pedro I, Gonçalo Vasques (Vaz) de Goes, Senhor de Góis
Dom Fernando I, João Gonçalves Teixeira (fl. 1383)
João Fernandes
Afonso Pires
Dom João I, Afonso Martins, abade de Pombeiro
1400 Aires Anes de Beja
1415-14?? Gonçalo Lourenço de Gomide*
João Gonçalves de Gomide*, filho do anterior
(Gonçalo Leitão, Rui Galvão, Vasco Martins de Sousa)
Dom Duarte I, Martim Gil de Magalhães
Lopo Afonso de Santarém+
Lopo Afonso (fl. 1446, Regente Dom Pedro)
1453-1464 Diogo da Silveira*; Fernão da Silveira, irmão, foi "vice"
Gonçalo Vaz de Castelo-Branco*, regedor e vèdor
algures entre 1460-81 Dom João Galvão*, bispo de Coimbra
fl. 1475-79 Dom João Fernandes da Silveira*, 1.º barão de Alvito
1481-1484 Fernão da Silveira*, 2.º barão de Alvito, filho do anterior
Henrique Homem
___
15??-1532 António Carneiro*
1532-1568 Pedro de Alcáçova Carneiro*, 1.º Conde de Idanha
1568-1576 ?????
1576-1581 Pedro de Alcáçova Carneiro*, 1.º Conde de Idanha, com Manuel Quaresma Barreto e Dom Francisco de Portugal

OU ENTÃO:

1495?-1502 Dom Diogo da Silva*, 1.º conde de Portalegre
1502-1534 Dom António de Noronha*, 2.º conde de Linhares
1534-1542 Dom Miguel da Silva*, bispo de Viseu
1542-1570 (lugar sem provimento)
1570-1576 Martim Gonçalves da Câmara
1576-1581 (sem provimento, Miguel de Moura interinamente)
___

Dom Sebastião I acabou com o cargo e instaurou 2 secretarias governativas: Secretaria de Estado (para negócios estrangeiros e guerra) e Secretaria das Mercês e do Expediente (para negócios interiores do Reino). Dom Pedro II criou ainda a Secretaria da Assinatura (1695, para negócios da Casa Real; bàsicamente as consultas das outras duas tinham de passar por esta).

1581-1583 Miguel de Moura*, oficialmente (e enquanto Filipe I esteve em Portugal; depois ficou como membro do Conselho de Regência)

1620-1621 Dom Manuel de Castelo-Branco*, 2.º conde de V. N. de Portimão, enquanto Filipe II esteve em Portugal

Dom Filipe III e Dom João IV não tiveram escrivães da puridade (diz na "Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira"). 

Dom Afonso VI, quando quis começar a governar sòzinho, reinstituiu o cargo na pessoa do conde de Castelo Melhor, com atribuições que em Espanha seriam as do "valido del rey" (todos as consultas tinham de passar por ele antes de chegar ao Rei).
1662-1667 Dom Luís de Vasconcelos e Sousa, 3.º Conde de Castelo Melhor

1707-17?? Dom Tomás de Almeida, 1.º Patriarca de Lisboa (escrivão da puridade como título certamente honorífico...)

1731-1750 Alexandre de Gusmão (secretário particular do Rei, com o título de escrivão da puridade só a partir de 1740)

1736 houve a reorganização do governo em 3 Secretarias de Estado (ver post que há de vir...) 
1736-1747 Cardeal Dom João da Mota e Silva (com o título vitalício de "Ministro Universal do Despacho", um autêntico primeiro-ministro sem ser chefe do governo [o Rei é que era o chefe do governo], foi o responsável pela reorganização do governo e depois pela coordenação entre os secretários de Estado)
1736-17?? Frei Gaspar de Encarnação (secretário do Gabinete, portanto secretário do Cardeal da Mota e do Governo)


NB: 1464-1528 Nuno Martins da Silveira* é apontado escrivão da puridade por 3 vezes, mas segundo li foi coudel-mor e não escrivão da puridade.


Bibliografia:
Francisco Manoel Trigoso de Aragão Morato (1837), Memoria sobre os escrivães da puridade dos reis de Portugal e do que a este officio pertence. Memórias da Academia Real das Sciencias de Lisboa Tomo XII, Parte I, pp.153-218.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Magdalena Kozena canta Johann Sebastian Bach

Cantata BWV 30 "Freue dich, erlöste Schar"
5. Aria (Alto) "Kommt, ihr angefochtnen Sünder"
Teatralizado. Que giro! (Hoje é Dia Mundial da Música: nada melhor do que comemorar a ouvir muito Bach!)

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Busque Amor novas artes...

Busque Amor novas artes, novo engenho,
para matar-me, e novas esquivanças;
que não pode tirar-me as esperanças,
que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.

Que dias há que na alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e dói não sei porquê.

Luiz Vaz de Camoens

terça-feira, 8 de setembro de 2009

A Marinha Portuguesa nas Guerras Napoleónicas

Quadro de Geoffrey Hunt que mostra a chegada da Família Real ao Rio de Janeiro em 1807. Ao centro vê-se o navio-de-linha (nau) Príncipe Real com o pavilhão pessoal da Raínha (vermelho com as armas de Portugal) no mastro grande e a bandeira de Portugal (branca com as armas de Portugal) à popa; à direita está o navio-de-linha Afonso de Albuquerque, atrás deste o navio-de-linha Medusa e a fragata Urânia. À esquerda no quadro está o navio-de-linha britânico Malborough e à direita no quadro o navio-de-linha Bedford, que fizeram a escolta da esquadra real.


A frota da Marinha de Guerra Portuguesa era cobiçada tanto por Napoléon Ier como por Whitehall, com navios "em bom estado e de construção igual, senão superior, aos britânicos", nas palavras de Lord St Vincent, e de tamanho médio em comparação com outras frotas daquele tempo. Em 1807, quando a Família Real foi para o Brasil, os navios da Marinha de Guerra eram os seguintes:


Armada do Atlântico

-Navios-de-linha (naus) (14):
Príncipe Real (84 peças de artilharia) *
Afonso de Albuquerque (74) *
Raínha de Portugal (74) *
Conde Dom Henrique (74) *
Medusa (74) *
Príncipe do Brasil (74) *
Dom João de Castro (74) *
Martim de Freitas (74) *
Infante Dom Pedro (74) [= Martim de Freitas]
Santo António (74) [= Martim de Freitas]
Maria Primeira (74)
São Sebastião (74)
Nossa Senhora da Conceição da Ásia Feliz (74) nau de viagem
Príncipe Regente (74) (em construção, só foi lançada 1816 como Dom João VI)
Princesa da Beira (64)
Nossa Senhora de Belém (64) nau de viagem
Vasco da Gama

-Fragatas (17):
Amazona (50)
Pérola (50)
Tritão (44)
Golfinho (44) *
Minerva (44) *
Urânia (40) *
Princesa Carlota (36) *
Ulisses (36)
Vénus (36)
Activa (36)
Benjamim (22)
Real Voador (22)
Cisne [capturada por corsários 1802]
Fénix
Nossa Senhora da Graça [= Fénix]
Princesa do Brasil
Príncipe da Beira
São João, Príncipe do Brasil
Tétis

-Corvetas (2):
Andorinha (32)
Diligente (22)

-Brigues (18):
Vingança (28) *
Gaivota (22)
Voador (22) *
Lebre (22) *
Condessa de Resende (20)
Falcão
Serpente
Gavião
Balão
Caçador
Coroa
Espadarte
Galgo
Mercúrio
Vigilante
União
Europa
Minerva

-Charruas (10):
Téris (36) *
São João Magnânimo (26) *
Princesa da Beira (26) *
Princesa Real
Neptuno
São Carlos Augusto
Águia
Marquês de Angeja
Polyfemo
Príncipe Real

-Escunas (3):
Ninfa (18) *
Furão (16) *
Curiosa (16) *


* Navios que levaram a Família Real para o Brasil (e depois não voltaram).
____________________________________________

Armada da Índia

-Navios-de-linha (naus) (0):
São José Marquês de Marialva (54) [= N. S. Madre de Deus]

-Fragatas (3):
São Francisco Xavier e Santo António
Nossa Senhora da Guia ?
São Miguel [desmantelada 1804]
Temível Portuguesa
Real Fidelíssima
___________________________________________

Portanto, tinha 14 navios-de-linha e 67 navios no total.

v. Esparteiro "Catálogo dos navios brigantinos" 1976
v. Moreira Silva "A marinha de guerra portuguesa ..." 2009, tese de mestrado

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Garfield again

August 3rd 2009 Comic StripLove it...

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Story in progress...

III

Sorriu involuntariamente. Apetecia-lhe rir... Depois de tantas horas de monotonia, qualquer coisa que interrompa é um pretexto para ser feliz.
Voltou à sua sala e sentou-se no seu lugar olhando para as folhas dispersas. Cruzou as mãos por detrás da nuca enquanto apoiava os cotovelos na mesa.
— Uffff... — suspirou. — Vamos lá!
Levantou a cabeça decidido a atacar o ficheiro em branco. Oh, em branco? Mas agora não estava em branco! Ai, ele bem se lembrava que tinha deixado aquilo tudo em branco, que tinha passado a tarde toda sem escrever uma linha de código! Mas o que era aquilo? Alguém se tinha esgueirado ali e teclado todo um programa em, quê, 10 minutos? Menos!
— Ai, queres ver...
Pensou, esperançada mas no fundo sabia que ingenuamente, que podia ser o código para o programa que ele precisava e estivera a tentar escrever. Olhou para o que estava escrito e tentou compreender. Leva sempre algum tempo a perceber o código de outra pessoa. Não, não era, claro, o que ele queria. Claro. Claro e evidentemente.
Parecia estar completo, debuged. Podia passar horas a tentar compreendê-lo, mas, bah, o melhor é corrê-lo e ver o que dá.
Correu-o.
Ao fim de segundos a mensagem que se apresentava no command line era esta:

Solve the Riddle or you shall be sorry!71912551FINDAWAY41996SOLVETHEMYSTERY81777029928417Type the answer:

sábado, 8 de agosto de 2009

Raúl Solnado (1929-2009)


quarta-feira, 15 de julho de 2009

¡Y viva Quino!



In ¡Cuánta Bondad!

domingo, 12 de julho de 2009

O Semeador de Estrelas

Estátua em Kaunas, Lituânia. Coisas que fazem sonhar...!

Story in progress...

II

Lá em cima, numa sala em tudo semelhante à de baixo, foi encontrar o seguinte espectáculo: uma figura franzina, em pé, debruçava-se sobre a torre de um computador, agarrava nela com as duas mãos e puxando a si todas as forças que parecia não possuir, soltou um guincho e levantou a dita torre o suficiente para ela depois cair no chão com uma pancada seca. Era a quarta que ele ouvia e a última que a torre pareceu aguentar: várias placas de metal e plástico lhe saltaram para fora, espalhando-se no chão.
— Yvonne, what are you doing?!
A pergunta era retórica. Ele sabia muito bem o que ela fazia, bem lhe apetecia a ele fazer isso tantas vezes!
— Je peux pas plus! Je ne peux pas plus!... — disse ela, ofegante e ainda debruçada, com os braços estendidos e as mãos apoiadas na torre vitimizada. Os cabelos compridos não lhe deixavam ver a cara.
Ele agarrou-a levemente pelos ombros e fê-la sentar numa cadeira. Ela levou as mãos à cara e suspirou. Não se percebia se chorava ou não, nem ela o saberia dizer. Ele passou um braço por trás dela mas não apertou muito. Ficou assim, num semi-abraço. Eram inúteis, palavras; ele sabia bem o que ela tinha: após horas e horas de revisão, o programa dela continuava sem funcionar... E lá estava o ficheiro de código no seu laptop, e o command line aberto e cuja última mensagem era de erro.
— Vá, come on, take a break. You can do it, but you need a break — disse-lhe ele.
Ela tirou as mãos da cara:
— Thanks... — suspirou. — I'll be fine.
Ele disse que estava lá em baixo e provavelmente havia de ficar pela noite fora. Ela agradeceu outra vez e ele saiu para as escadas. E foi a pensar como ela tinha sido judiciosa: em vez de atirar com o seu laptop (onde tinha o programa a correr), canalizou a fúria para um dos desktops do instituto! O bode expiatório, artifício tantas vezes usado para lançar a frustração...

domingo, 5 de julho de 2009

Ponta Delgada...

Belo fim-de-semana. Did me good.

sábado, 27 de junho de 2009

Duas Pequenas Animações 3D

Geri's game.Uma pequena animação deliciosa!

Kiwi!Uma pequena animação triste...

Story in progress...

I

O ficheiro de código continuava em branco e parecia que havia de continuar em branco durante muito tempo.
— Caraças...
Levou pela enésima vez a cabeça à mão esquerda, despenteando o cabelo despenteado, enquanto os seus olhos, pelo hábito, se direccionavam para as folhas e folhas de papel anotadas dispersas pela mesa. Na mão direita rodava um lápis, acrescentando de quando em quando, mecanicamente, mais qualquer coisa ao algoritmo, igualmente disperso pelas folhas dispersas.
Estava sozinho na sala. Já ali estava à quatro horas e meia... Tinha sido o primeiro a chegar, foi vendo os colegas a entrar um a um, e depois a sair e a voltar e a sair por fim despedindo-se. Levou finalmente as mãos ao teclado, decidido a escrever qualquer coisa, mas qualquer coisa que fosse, que dissesse a si próprio que aquelas quatro horas não foram perdidas. Escreveu uma variável "a=" e outra "b=". Hesitou milésimos de segundo, escreveu um forte palavrão e comentou-o.
— Argh! — e bateu com as duas mãos e a testa na mesa com toda a raiva. — Ai! F...
Ao mesmo tempo ouve o som de uma pancada forte por cima dele e folículos de estuque nevaram-lhe em cima. Nos primeiros momentos nem deu por isso, mas outra pancada soou e mais estuque se desprendeu do tecto.
"Mas que raio", pensou. Deserto por arranjar uma desculpa que o afastasse dali, levantou-se mais depressa do que era necessário e encaminhava-se já para a porta quando ouviu um grito agudo, também vindo de cima, outra pancada e mais estuque caiu.
— Mas que raio?...
E largou a toda a pressa para as escadas. Mas o que é que poderá estar a acontecer?

Lisboa, 27 de Junho de MMIX

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Outstanding image...

I don't know who's the author. The title of it is simply "Life."

domingo, 10 de maio de 2009

Fim-de-semana épico!!!

Grande Retiro de Estudantes do PDIGC2008 (PGD, PDBC, PGCN)
Convento da Arrábida, 8-10 Maio MMIX

sábado, 4 de abril de 2009

Poema sobre a recusa

Como é possível perder-te
sem nunca te ter achado
nem na polpa dos meus dedos
se ter formado o afago
sem termos sido a cidade
nem termos rasgado pedras
sem descobrirmos a cor
nem o interior da erva

Como é possível perder-te
sem nunca te ter achado
minha raiva de ternura
meu ódio de conhecer-te
minha alegria profunda

Maria Teresa Horta

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Happy Birthday, Mr Darwin!

Cartoon: Matt Dawson.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

The Walrus and The Carpenter

...
'The time has come,' the Walrus said,
'To talk of many things:
Of shoes - and ships - and sealing-wax -
Of cabbages - and kings -
And why the sea is boiling hot -
And whether pigs have wings.'


...
'I weep for you,' the Walrus said:
'I deeply sympathize.'
With sobs and tears he sorted out
Those of the largest size,
Holding his pockett-handkerchief
Before his streaming eyes.

'O Oysters,' said the Carpenter,
'You've had a pleasant run!
Shall we be trotting home again?'
But answer came there none 
And this was scarcely odd, because
They'd eaten every one.



after Lewis Carroll's 

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Humanistas e Nomes de Ciência em Portugal

1465-1540 Tomé Pires
1471-1557 Diogo de Gouveia, o Velho
14??-1576 Diogo de Gouveia, o Novo
14??-1570 Diogo de Murça (frade jerónimo)
14??-1556 Brás de Barros (frade jerónimo)
14??-1574 Martín de Ledesma (de Salamanca, teólogo)
14??-1519 Valentim Fernandes, o Alemão
1490-1571 Martim Afonso de Sousa
1491-1586 Martín de Azpilcueta ("Doutor Navarro", canonista)
1493-1542 Nicolau Clenardo, flamengo
1497-1548 André de Gouveia
1498-1573 André de Resende
1500-1548 Dom João de Castro
1500-1559 Fernão Lopes de Castanheda
1501-1568 Garcia de Orta
1502-1574 Damião de Góis
1502-1578 Pedro Nunes
1506-1580 Jerónimo Osório da Fonseca
1510-1572 Nicholas de Grouchy
1517-1599 Diogo Pires (Didacus Pyrrhus Lusitanus)
1522-1591 Gaspar Frutuoso
1526-1583 Manuel Álvares
1531-1567 Miguel Venegas
1534-1597 José de Anchieta
1538-1612 Christopher Clavius
15??-15?? Diogo de Teive
1552-1631 Baltasar de Azeredo
1585-1640 Uriel/Gabriel da Costa
1594-16?? Pe António Barbosa
1632-1677 Bento de Espinosa (Baruch de Spinoza)
1685-1724 Pe Bartolomeu Lourenço de Gusmão
1691-1762 Jacob de Castro Sarmento
1699-1783 António Nunes Ribeiro Sanches
1710-1791 Pe João de Loureiro
1713-1792 Luís António Verney
1735-1816 Domenico Agostino Vandelli
1756-1813 Alexandre Rodrigues Ferreira
1763-1838 José Bonifácio de Andrade e Silva
1823-1907 José Vicente Barbosa du Bocage
1764-1804 Vicente Coelho de Seabra Silva Teles
Alfonso del Prado (de Alcalá, teólogo)
Vicente Fabrício (francês ou alemão)
Arnauld Fabrício
Juan Fernández
João da Costa
Luís Nunes
Cipriano Soares
António Mendes de Carvalho
Guillaume de Guérente
Elias Vinet
Jacques Tapie
Patrick Buchanan
George Buchanan
Paio Rodrigues de Vilarinho
Pedro Sanches
Luís Sanches
Pe António dos Reis
Pedro de Perpignan
Inácio de Morais
Jerónimo Cardoso
Martinho Ferreira