domingo, 31 de agosto de 2008

Tirado de "Le malade imaginaire", de Molière


Molière, "Le malade imaginaire" (1673)

Acte II, Scène 5

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THOMAS DIAFOIRUS. Avec la permission aussi de Monsieur, je vous invite à venir voir l'un de ces jours, pour vous divertir, la dissection d'une femme, sur quoi je dois raisonner.

TOINETTE. Le divertissement sera agréable. Il y en a qui donnent la comédie à leurs maîtresses; mais donner une dissection est quelque chose de plus galant.
...

Para além destas duas personagens, em cena estão Monsieur Diafoirus, médico e pai de Thomas Diafoirus; Argan, o doente imaginário; Angélique, filha de Argan; e Cléante, amado de Angélique. Thomas Diafoirus é um jovem estudante de Medicina que está a fazer em vão a corte a Angélique e, querendo ser agradável ao mesmo tempo que quer mostrar-se muito inteligente, convida-a para assistir a uma autópsia, como se a convidasse para um passeio! Toinette é a sarcástica criada...

Bla bla bla

Bla bla bla blá. Bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla.

(Pronto, apeteceu-me dizer nada. Às vezes acontece...)

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Simbologia de Santos


Simon Ushakov (1626-1686), A Última Ceia (1685)

Os 12 Apóstolos iniciais:

Simão (Pedro) - duas chaves, cruz invertida, rede pesca, barba
André - saltério, livro, cabelo e barba brancos
Tiago (Maior) - vieira, cajado, chapéu de viandante, barba
João (Evangelista) - águia, cálice com serpe, sem barba
Filipe - cruz em tau, cesto de pães, velho, barba
Bartolomeu - faca e pele do seu martírio, barba
Mateus (Evangelista) - homem (anjo), a escrever num livro, barba
Tomé - gémeos, esquadro, dedo sobre chagas, lança, barba
Tiago Alfei (Menor) - livro (sua epístola), barba
Simão Zelote - barco, peixe, serra e cruz, barba
Judas Tadeu - machado, barba
Judas Iscariotes - sem halo, beijo da traição, forca/corda, barba

Outras personagens do Novo Testamento:

Matias - lança, barba
Saulo (Paulo) - espada, livro ou pergaminho, barba
Barnabé - ramo de oliveira, livro, barba
José - esquadro, menino, lírios, barba
Maria Magdalena - pote de unguento, cabelo longo
Marta - aspersor e balde, dragão
Ana - livro, porta, com Joaquim, Maria e/ou Jesus
Joaquim - cordeiro, pombas, com Ana e/ou Maria, barba
Verónica - sudário com imagem de Cristo
João (Baptista) - cabeça, cordeiro, cruz tosca, pele animal, barba
Isabel - idosa


Pieter Claesz Soutman (1580-1657), Os Quatro Evangelistas (1620s)

Outros Santos:

Marcos (Evangelista) - leão, livro, barba
Lucas (Evangelista) - touro, livro e lápis, barba
Nicolau - bispo oriental, 3 crianças numa selha, livro, barba
Jerónimo - leão, crânio, escrita, velho, barba
Bento - sino, taça partida, vara, corvo, barba
João de Deus - coração, coroa de espinhos, esmola, barba rala
Jorge - a cavalo, lança, armadura, dragão, sem barba
Francisco Xavier - crucifixo, coração, barba rala
Domingos - rosário, cão, estrela, sem barba
Cristóvão - árvore, ramo, menino, gigante, barba
Cecília - órgão portativo, flauta, rosas
António de Lisboa - livro, menino, lírio, sem barba
Agostinho - menino, pomba, escrita, barba
Vicente - palma, barco, corvo, sem barba
Francisco de Assis - lobo, pássaros, crânio, stigmata, monge
Sebastião - setas/lanças, amarrado, sem barba
Bárbara - torre com 3 janelas, relâmpago, palma, cálice

Construção da Universidade do Porto

Escrevi esta espécie de gráfico para perceber visualmente a construção da Universidade do Porto, que teve origem remota nas Aulas avulsas do final do século XVIII, tal como aconteceu em Lisboa e noutras partes do Império. A base para ele foi já o meu anterior post de "Escolas Superiores" Portuguesas antes de 1950 e a página web da Universidade do Porto.
Para avançar mais um bocadinho, descobri que em 1911, a data de criação oficial das Universidades de Lisboa e do Porto e da reestruturação da Universidade de Coimbra, as Faculdades nas respectivas Universidades eram as seguintes:

Universidade do Porto
Faculdade de Ciências
Faculdade de Medicina
Faculdade de Comércio
Escola de Farmácia
Universidade de Lisboa
Faculdade de Ciências
Faculdade de Medicina
Faculdade de Letras
Escola de Farmácia
Universidade de Coimbra
Faculdade de Direito
Faculdade de Ciências
Faculdade de Medicina
Faculdade de Letras
Escola de Farmácia

Garfield

June 6th 2008 Comic Strip
How I understand Garfield! Each time I'm watching a sunrise that only means I should be sleeping and am not!!!

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Mais Citações Avulsas


"Serei um génio e o mundo admirar-me-á. Se calhar serei desprezado e incompreendido, mas serei um génio, um grande génio, tenho a certeza." Salvador Dalí, aos 15 anos

"Music is the silence between the notes." Achille-Claude Debussy, as quoted in Turning Numbers into Knowledge (2001) by Johnathan G. Koomey

"... e pude pensar sem que ninguém me interrompesse." José Luís Peixoto, in Cemitério de Pianos

"Every so often one finds in the press the idea that humans are unique. (...) In the wider view, man is no more unique than most other animals." N. Caldaro, in Evol Anthr 14:132-133 (2005)

"É por picar que é tão doce." Jean-Christophe Rufin, in O Abissínio

"Absence of evidence is not evidence of absence." Carl Sagan (que pensava exactament o oposto)

"A certeza é o desconhecimento da diferença." Ana Luísa Santos

"Python can turn your thousand dollar computer into a five dollar calculator!" Josh Cogliati, in Non-Programmer's Tutorial for Python

"Lapides crescent, Vegetabilia crescent e vivent, Animalia crescent, vivent e sentium. Hinc limites inter hacce regna constitua sunt." C. Linnaeus

"A experiência não é garante de sabedoria, mas costuma ajudar." Aydano Roriz, in Van Dorth - A Reconquista do Brasil

"Um caldo-verde para combater o frio". Maria de Lourdes Modesto

"There exists no single superb solution to a problem." adapted from G. McGhee, in The Geometry of Evolution

"... parecendo ser mais jovem do que aparentava, porque parecia um moço com ares de velho." Chico Buarque de Hollanda, in Budapeste

"To be clever enough to get all that money, one must be stupid enough to want it." G. K. Chesterton, in The Wisdom of Father Brown's The Paradise of Thieves

"Eu sou de ideologia marxista... mas da linha Groucho!" José Dinis, comunicação pessoal

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

The Lost Colleges of the University of Coimbra


Finally, my post on the university colleges at Coimbra got translated to English by Frank Cranmer and published in Robert O'Hara's site (The Collegiate Way). Check it out here: http://collegiateway.org/news/2008-coimbra-university-colleges

Finalmente, o meu post sobre os colégios universitários em Coimbra foi traduzido para inglês pelo Frank Cranmer e publicado no site do Robert O'Hara (The Collegiate Way). Aqui está o link: http://collegiateway.org/news/2008-coimbra-university-colleges

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Philippe Jaroussky canta Antonio Vivaldi

Aria "Se in ogni guardo", dell' Opera "Orlando finto pazzo"
Com o Ensemble Matheus dirigido por Jean-Christophe Spinosi, que são excelentes! O vídeo que eu queria por aqui, though, é este http://www.youtube.com/watch?v=9zQX2XqAE8c, mas o
embedding foi disabled by request. A música só começa lá para o 0:50 mas vale mesmo a pena esperar. É a perfeição total, solista e orquestra!

sábado, 2 de agosto de 2008

Infusões Simples

Na sequência das Tisanas Hatherlyanas, achei que estes pequenos textos que se seguem não se inseriam bem na designação "tisana". Então, chamei-lhes infusões. E são simples, sem açúcar.


1
Estava ela linda, deitada no banco do jardim, em frente ao Banco. Eu mirava-a, não conseguia desgrudar os olhos da figura dela. Não sei se ela me sentia. Mas estava linda. Avancei para ela e comi-a.

2
Didacus de Cirenus comia, comia, comia. E bebia. Quando explodiu ninguém estranhou muito. Ninguém? Bom, não era bem assim: Didacus de Cirenus ficou estupefacto! Ele não tinha consciência do que era.

3
His Highness The Cat rushed down the stairs after swindling His Lordship The Dog and Her Ladyship The Parrot of all their attention. Cats are swift, humans are unaware, and all the others are just all the others; but a cat that is a HH has all what all they have. When the humans became aware, the confusion had already been installed and was all too late...

4
Era uma vez um pato que andava sempre de costas. Um dia caiu, tropeçou e caiu, simplesmente... e nunca mais se levantou. Caiu para debaixo do machado do lenhador.

5
Eduardo de Castelo Negro tinha morto a namorada à facada, mas não foi esse o crime que o levou à alçada das autoridades: foi o seu cadáver que ficou à guarda da GNR quando foi encontrado. Ao longo da investigação foram-se descobrindo os podres de Eduardo. Nada se podia fazer sobre ele, e o pior é que alargava o leque de suspeitos. Um dia, semanas após o início das investigações, um brilhante inspector chegou e resolveu logo tudo: arquivou o caso por falta de um suspeito...

6
Era uma vez uma criança que se transformou em adulto sem perceber. Arranjou emprego, mas não sabia fazer nada. Estudou, mas não sabia o quê. Casou, criou família, mas não sabia porquê. Decidiu acabar com tudo e não conseguia. Desempregou-se, separou-se, deixou de ler, mas não conseguiu acabar com tudo. Tentou mudar-se. Tentou mudá-los. Tentou mudar tudo, todos, nadas. Não conseguiu. Mudou muito mas não tudo, nem todos, nem nadas. Havia sempre qualquer coisa — nunca conseguiu acabar com tudo. Nem quando morreu.

7
Era uma vez um rei que queria ser um homem do povo. Então, um dia, disfarçou-se de camponês e foi para o campo disposto a cavar a terra. Mas não sabia fazer aquilo e depressa se fartou. Quis voltar a ser rei mas não conseguiu, não o deixaram. Ele insistiu e foi açoitado, acusado, condenado a pagar o que não tinha, preso, mutilado, quase executado. Anos depois, quando saiu depois de cumprir a pena, conformado com a sua sorte e em como era sempre mais fácil descer na vida do que subir nela, encontrou à sua espera à porta da prisão o seu antigo secretário e o comissário da guarda, sorridentes e com o sentido do dever cumprido no olhar. “Sua Majestade está contente? Tal como queria, pensámos em lhe proporcionar uma experiência o mais próximo possível das que acontecem a um homem do povo...”

8
Alexandre da Silva Bruno, um abastado comerciante da capital, viu a sua vida escapar-se-lhe por entre os dedos no dia em que a agarrou com as mãos: a caixa estava vazia, as algibeiras estavam vazias, a cabeça estava vazia. Quis enchê-las mas as mãos nunca conseguem agarrar a vida, a não ser que seja material. Então perdeu-a.

9
Era uma vez um Alexandre de nome que tinha a mania que era Magno. Fazia com que toda a gente o tratasse por Magno, assinava Magno, chegou mesmo, ao chegar à maioridade, a alterar o nome no Registo Civil para Magno. Quando lhe morreu o tio-padrinho, a herança em testamento foi parar ao Alexandre...

10
O presunto era branco, da quantidade de toucinho que tinha. E era toucinho alimentado a farinhas industriais. Fazia Deus sabe que esforço por levar aquilo à boca, mastigar e engolir, fingindo que comia, tentando evitar que ele me enchesse o copo continuamente. Três horas depois, sentados num banco corrido a cair de podre, o papel em cima de uma pipa praliné de teias de aranha, a minha Parker de prata numa mão suada e suja de uma semana, lá consegui que o velho assinasse o contrato de venda...

11
A mesa cheia foi regada com champagne genuíno. Literalmente regada: ninguém reparou que a garrafa tinha sido agitada e a rolha estalou, chovendo o líquido nectarino para cima das iguarias. Ficou o jantar de Ano Novo estragado. Fomos jantar fora. E saiu mais barato!

12
O piano do Alberto estava todo, todo estragado! E o Alberto sabia. Era uma catástrofe para os outros quando insistia em tocar...

Heinrich Neuhaus toca Johannes Brahms

Intermezzo h-moll Op. 119, Nr 1

Intermezzo e-moll Op. 119, Nr 2

(sem palavras)