domingo, 3 de julho de 2016

Livros e Manuscritos de Cozinha em Portugal

"Livro de Cozinha da Infanta Dona Maria". 
Receita de Dom Luís de Moura para os dentes.

1530-1560 Anónimos (pelo menos seis)
Tratado de cozinha portuguesa. [manuscrito]
Conhecido como o "Livro de Cozinha da Infanta Dona Maria." Códice I. E. 33 da Biblioteca Nacional de Nápoles.

1680 Domingos Rodrigues
Arte de cozinha dividida em quatro partes, a primeira trata do modo de cozinhar varios guizados de todo o genero de carnes, e conservas, tortas, empadas, e pasteis. A segunda de peixes, mariscos, frutas, hervaa, ovos, lacticinios, doces, conservas do mesmo genero. A terceira de preparar mezai em todo o tempo do anno, para hospedar principes, e embaixadores. A quarta de fazer pudins, e preparar massas. Cópia digital da edição de 1821 na BNP.
Conhecido como "Arte de Cozinha de Domingos Rodrigues."

1715 Francisco Borges Henriques
Receitas de milhores doces e de algũns guizados particullares e remedios de conhecida expiriencia que fes Francisco Borges Henriques para o uzo de sua caza. No anno de 1715. Tem seo Alfabeto no fim. [manuscrito]
Chamado "receituário manuscrito", "manual doméstico" ou "livro de cozinha" de Francisco Borges Henriques. BN Cod. 7376.
[N.B. Este manuscrito foi finalmente editado com duas transcrições (semi-diplomática e actualizada) pela Ficta Editora, Dezembro 2020, ISBN 978-989-997-145-5, com a coordenação científica de Dulce Freire e o título Receitas e remédios de Francisco Borges Henriques, inícios do século XVIII.]

1729 Maria Leocádia Monte do Carmo, freira clarissa
Livro de receitas de doces e cosinhados varios deste convento de Stta. Clara d'Evora. Soror Maria Leocadia Monte do Carmo Abbadeça. Stta. Clara de Evora 26 de 8bro de 1729. [manuscrito]
BN Cod. 10763.

1780 Lucas Rigaud
Cozinheiro moderno, ou nova arte de cozinha, onde se ensina pelo methodo mais facil... / dado a' luz por Lucas Rigaud. Cópias digitais das edições de 1780 e de 1807 na BNP. 

1788 Anónimo
Arte nova, e curiosa, para conserveiros, confeiteiros e copeiros e mais pessoas.
Anunciado na Gazeta de Lisboa em 30 de Dezembro de 1788, supl. 3 de Janeiro de 1789.

18?? Anónimo
"Receitas Culinárias" [manuscrito]
Texto em Inglês. BN Cod. 158.

1836 Anónimo
Receitas de licores e de geleias. [manuscrito]
Textos em Francês e em Português encontrado numa colectânea compilada por Jacob Frederico Torlade Pereira de Azambuja entre 1836 e 1839.

1841 Anónimo [1.º Visconde de Vilarinho de São Romão]
Arte do cozinheiro e do copeiro, compilada dos melhores auctores que sobre isso escreveram modernamente, dada à luz por Um Amigo dos Progressos da Civilização.

1870 Paulo Plantier
O Cozinheiro dos Cozinheiros.

1875 O Manual do Conserveiro e Confeiteiro

1876 João da Mata
Arte de Cozinha.

1889 Novíssima Arte de Cozinha

1890 O Manual da Conserveira

1894 O Cozinheiro Indispensável

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No século XX, os principais livros de cozinha portuguesa teriam sido, talvez, na minha opinião:

1928 Olleboma, pseudónimo de António Maria de Oliveira Bello
Culinária.

1936 Olleboma, pseudónimo de António Maria de Oliveira Bello
Culinária Portuguesa.

1946 Berta Rosa-Limpo e Jorge Brum do Canto
O Livro de Pantagruel (1.ª edição).
Com 1500 receitas.

1981 Maria de Lourdes Modesto
Cozinha Tradicional Portuguesa.

1996 José Quitério e José Labaredas
O Livro de Mestre João Ribeiro

1997 Maria Manuel Limpo Caetano, Berta Rosa-Limpo e Jorge Brum do Canto
O Livro de Pantagruel (49.ª edição).
Com 5000 receitas.

Por fim, é indispensável mencionar a obra de Alfredo Saramago (1938-2008), o maior antropólogo e historiador da gastronomia portuguesa.

Bibliografia sumária para este post:
Livros portugueses de cozinha.
Blog Arpose.

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Dioceses em Portugal e no Império Português

Chamadas mais comummente "Bispados" até ao século XIX, eis uma cronologia das dioceses territoriais criadas em Portugal e no Império Português até à Independência do Brasil em 1822 e ao fim de facto do Padroado Ultramarino Português em 1838. Mais uma vez, tudo isto é informação fàcilmente encontrada na Internet e apenas reorganizada aqui por mim.

Nave da Sé Catedral de Braga. Foto de http://arte.vmribeiro.net/?tag=se-de-braga

Século III Diœcesis Bracarensis [Bracara Augusta, Braga]
Século IV Diœcesis Betecensis [Betecas, Boticas]
Século IV Diœcesis Eborensis [Ebora Liberalitas Iulia, Évora]
Século IV Diœcesis Olissiponensis [Olissipo, Lisboa]
Século IV Diœcesis Ossonobensis [Ossonoba, Faro]
Século IV Diœcesis Salariensis [Salacia, Alcácer do Sal]
Século V Diœcesis Aquæflauiensis [Aquæ Flauiæ, Chaves]
Século VI Diœcesis Conimbricensis [Conimbrica, Condeixa]
Século VI Diœcesis Dumiensis [Dumio, Dume]
Século VI Diœcesis Ægitaniensis [Ægitania, Idanha]
Século VI Diœcesis Lamecensis [Lamecum, Lamego]
Século VI Diœcesis Magnetensis [Magneto, Meinedo]
Século VI Diœcesis Pacensis [Pax Iulia, Beja]
Século VI Diœcesis Portus Calensis [Portus Cale, Porto]
Século VI Diœcesis Visensis [Viseo, Viseu]
Século VII Diœcesis Caliabriensis [Caliabria, Ciudad Rodrigo]

Do ano de 711 em diante os bispos cristãos saíram de suas dioceses e ao longo da Reconquista foram-se recriando as dioceses com bastas modificações. Como nota territorial, um código de cores: preto para a Metrópole, encarnado para Áfricalilás para o Oriente e verde para o Brasil; em itálico estão dioceses fora dos territórios sob domínio português, mas sob padroado português.

1070 Arcebispado de Braga
1080 Bispado de Coimbra [sucessora de Condeixa]
1114 Bispado do Porto
1143 Bispado de Lamego
1147 Bispado de Lisboa [1394 Arcebispado, 1716 Patriarcado]
1147 Bispado de Viseu
1166 Bispado de Évora [1540 Arcebispado]
1189 Bispado de Silves [sucessora de Faro]*
1199 Bispado da Guarda [sucessora da Idanha]
1382 Administração Apostólica de Valença do Minho [1514 extinta]
1417 Bispado de Ceuta [1640 para Espanha, 1851 Cádis e Ceuta]
1468 Bispado de Tânger [1630 Prefeitura Apostólica de Marrocos]
1499 Bispado de Safim [1542 extinto?]
1514 Bispado do Funchal [Arcebispado 1533-1551]
1533 Bispado de Goa [1557 Arcebispado; 1928 Goa e Damão]
1533 Bispado de Santiago do Cabo Verde
1533 Bispado de São Tomé na Ilha
1534 Bispado de Angra
1545 Bispado de Leiria [extinto 1882-1918]
1545 Bispado de Miranda do Douro [1780 extinto]**
1549 Bispado de Portalegre***
1551 Bispado de São Salvador da Bahia [1676 Arcebispado]
1557 Bispado de Cochim [1838 anexado ao Vicariato Apostólico de Verapoly, 1886 restaurada, 1952 fim do bispado português]
1558 Bispado de Malaca [1838 extinto]
1570 Bispado de Elvas [1881 extinto]
1575 Prelazia de São Sebastião do Rio de Janeiro [1676 Bispado]
1576 Bispado de Macau
1577 Bispado de Faro*
1588 Bispado de Funai [1625 extinto]
1596 Bispado de Angola e Congo [1716 para Luanda, 1940 Arcebispado]
1599 Bispado de Angamalé [1608 Arcebispado; 1610 transferido para Cranganor; 1838 extinto]
1606 Bispado de São Tomé de Meliapor [1952 extinto]
1612 Administração Apostólica de Moçambique [1783 Prelazia, 1940 Arcebispado de Lourenço Marques, depois Maputo]
1614 Prelazia de Olinda (Pernambuco) [1676 Bispado]
1659 Vicariato Apostólico do Malabar [1709 de Verapoly, 1886 Arcebispado]
1659 Vicariato Apostólico de Nanquim [1690 Bispado]
1677 Bispado de São Luís do Maranhão
1719 Bispado de Belém do Grão-Pará
1745 Bispado de Mariana (Minas Gerais)
1745 Bispado de São Paulo de Piratininga
1745 Prelazia de Goiás
1745 Prelazia de Cuiabá (Mato Grosso)
1770 Bispado de Beja
1770 Bispado de Bragança**
1770 Bispado de Penafiel [1778 extinto]
1770 Bispado de Pinhel [1881 extinto]
1771 Bispado de Castelo Branco [1881 extinto]***
1774 Bispado de Aveiro [extinto 1882-1938]

* Faro sucedeu a Silves que tinha sucedido à Ossonoba romana.
** Miranda do Douro e Bragança fundidas na de Bragança-Miranda.
*** Portalegre e Castelo Branco fundidas na de Portalegre-Castelo Branco.

Como referência, as dioceses ainda criadas sob tutela portuguesa:
1886 Diocese de Damão (Índia) [1928 extinta]
1922 Diocese de Vila Real
1940 Diocese de Díli (Timor-Leste)
1940 Diocese de Nova Lisboa [depois Huambo] (Angola)
1940 Diocese de Silva Porto [depois Kwito-Bié] (Angola)
1940 Diocese da Beira (Moçambique)
1940 Diocese de Nampula (Moçambique)
1940 Missão Sui Iuris da Guiné Lusitana [1955 Prefeitura Apostólica]
1954 Diocese de Quelimane (Moçambique)
1955 Diocese de Sá da Bandeira [depois Lubango] (Angola)
1957 Diocese de Malange (Angola)
1962 Diocese de Inhambane (Moçambique)
1962 Diocese de Tete (Moçambique)
1963 Diocese do Luso [depois Lwena] (Angola)
1967 Diocese de Carmona-São Salvador [depois Uíje] (Angola)
1970 Diocese de Benguela (Angola)
1970 Diocese de Xai-Xai (Moçambique)
1975 Diocese de Santarém
1975 Diocese de Setúbal
1977 Diocese de Viana do Castelo