quarta-feira, 23 de julho de 2008

Dois pequenos textos...

Não são contos exactamente...


Escrevi a palavra caneta e continuei a escrever. Não sei porquê - nunca me tinha acontecido - não conseguia parar. Aquela palavra não me deixava. Ou então era a própria caneta que me segurava a mão e me obrigava a continuar a escrever, a escrever, a escrever e a escrever ainda. Não tinha nada para escrever, não tinha nada para dizer, mas o papel branco sujava-se com a tinta da maldita caneta que não deslargava. Fiz um esforço, olhei para o lado, para longe, esqueci-me que estava a escrever. Mas depois olhei sem querer, de relance, e vi que ainda escrevia. Como fazer para parar de escrever? Então lembrei-me: eu escrevi uma palavra e não consegui parar de escrever; então o melhor seria escrever outra vez a palavra para deixar de continuar a escrever! E escrevi-a: caneta.

Escrito em Lisboa, a 9 de Julho de MMVIII


Com um pedaço de plasticina molda-se um mundo, ou dois, ou três; ou nada ou tudo; ou se vê o que está por dentro, ou se mostra o que não existe, ou nos perdemos na cor mesclada que rola na mão que molda. E os sonhos aparecem, mesmo sem o serem, mesmo que queiram que sejam só sonhos, quando são muito mais que isso... Até que acaba a plasticina, se enrola numa bola e recomeça um novo mundo.

Escrito em Lisboa, a 14 de Julho de MMVIII

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