quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Farmacopeias publicadas em Portugal desde 1695

As farmacopeias são os catálogos dos medicamentos em uso, suas propriedades ("virtudes"), posologia ("doses") e fórmulas, e existem pelo menos desde a Materia Medica de Dioscórides. Em Portugal publicaram-se bastantes no século XVIII, incluindo a primeira com caráter oficial, a Pharmacopeia Geral (1794). Um bom artigo sobre o tema é o de Pita & Bell (2019) Da Pharmacopea Lusitana à Farmacopeia Portuguesa: uma viagem pela história do livro farmacêutico (sécs. XVIII-XXI). In Andrade & Carrington (Coords.), Do Manuscrito ao Livro Impresso I. Imprensa da Universidade de Coimbra & UA Editora - Universidade de Aveiro. https://doi.org/10.14195/978-989-26-1711-4_8
E aqui está um pequeno texto da Ordem dos Farmacêuticos. Ver também Nomenclatura química portuguesa no século XVIII, de António Amorim da Costa e Conceição et al. (2014) As farmacopeias portuguesas e a saúde pública. Acta Farmacêutica Portuguesa, vol. 3, n. 1, pp. 43-58. Para compilar esta lista diverti-me a transcrever os títulos, ou melhor, as primeiras páginas das antigas farmacopeias impressas em Portugal. A variação ortográfica é espantosa!


1695 Polyanthea Medicinal, de João Curvo Semedo (1635-1719)
NOTICIAS GALENICAS, E CHYMICAS, Repartidas em tres Tratados; DEDICADAS AO ILLUSTRISSIMO, E REVERENDISSIMO SENHOR LUIS DE SOUSA, Arcebiſpo de Lisboa, Cappellaõ Mòr de Sua Mageſtade, & ſeu Conſelheyro de Eſtado, por JOAM CURVO SEMMEDO, Medico, Familiar do Santo Officio, & Cavalleyro profeſſo da Ordem de Chriſto. LISBOA, Na Officina de MIGUEL DESLANDES, Impreſſor de Sua Mageſtade. Com todas as licenças neceſſarias, & Privilegio Real. M. DC. XCVII.

1704 Pharmacopea Lusitana, de Dom Caetano de Santo António (m. 1730)
Pharmacopea Lusitana. Methodo Pratico de preparar, & compor os medicamentos na forma Galenica com todas as receitas mais uzuais. Offerecida a Sagrada, e sempre Observante Congregaçaõ dos Conegos Regulares de Sancto Auguſtinho do Reyno de Portugal &c. Por D. Caietano de Santo Antonio, Professo da mesma Ordem, boticario do Real Moſteiro de Santa Cruz de Coimbra. Em Coimbra, Com todas as licenças neceſſarias. Na Impreſſaõ de Joam Antunes, Mercador de livros. Anno de 1704.

1713 Pharmacopea Bateana, de George Bate (tradução de Dom Caetano de Santo António)
Pharmacopea Bateana na qual se contem quasi oytocentos medicamentos tirados dA pratica de Jorge Bateo Protomedico de Carlos Segundo Rey de Inglaterra, eſcrita pela ordem Alphabetica, Traduzida de Latim em Portuguez, e offerecida Ao Reverendissimo Padre D. Joseph de S. Joaõ Prior do Real Moſteyro de Santa Cruz, & Prelado do ſeu izento, adminiſtrador dos Moſteyros de S. Martinho de Crasto, & de S. Maria de Moya, Geral de toda a Congregaçaõ dos Conegos Regulares de S. Agoſtinho no Reyno de Portugal, & Cancellario da Univerſidade de Coimbra, &c. Por D. Caetano de S. Antonio Conego Regular de S. Agoſtinho, da Congregaçaõ de Santa Cruz de Coimbra, Boticario do Real Moſteyro de S. Vicente da Cidade de Lisboa, &c. Lisboa, Na Officina Real Deslandeſiana. Com todas as licenças neceßarias. 1713. E privilegio Real.

Primeira página da Pharmacopea Bateana. Imagem tirada daqui.

1716 Pharmacopea Ulyssiponense, de João Vigier (1662-1723)
Pharmacopea Ulyssiponense, Galenica, e Chymica, que contem os principios, diffiniçoens, e termos geraes de huma, & outra Pharmacia : & hum Lexicon univerſal dos termos Pharmaceuticos, com as preparaçoens Chymicas, & compoſiçoens Galenicas, de que ſe uſa neſte Reyno, & virtudes, & doſis dos medicamentos Chymicos. Hum Tratado da Eleyçam, deſcripçaõ, doſis, & virtudes dos purgantes vegetaes, & das drogas modernas de ambas as Indias & Braſil. Hum Vocabulario Universal, Latino e Portuguez de todas as drogas, animaes, vegetaes, & mineraes, aſſim modernas como antigas. Offerecida ao Senhor Doutor Joam Bernardes de Moraes, Phyſico mor de Sua Mageſtade, Por Joam Vigier, Nacional do Reyno de França, & morador neſta Corte de Lisboa. Lisboa, Na Officina de Pascoal da Sylva, Impreſſor de S. Mageſtade. M. DCCXVI. Com todas as licenças neceſſarias.

1735 Pharmacopea Tubalense, de Manuel Rodrigues Coelho (n. 1687)
Pharmacopea Tubalense Chimico-Galenica, Parte Primeira. Em que se faz nam só huma reflexam physica sobre os principios dos mixtos, expondo depois a diffiniçaõ de ambas as Pharmacopeas, e as opperações em que ſe dividem, com os objectos della inteiramente explicados. Mas tambem se mostra hum dicionario com muitas vozes, e termos de ambas as Pharmàcias, e a explicaçaõ dos mais verſados Synonomos, com que em diverſos idiotiſmos ſe pedem os ſimpleces medicinaes; e finaliza com a indagaçaõ dos tres Reynos Animal, Vegetal, e Mineral, com algumas objecções propoſtas, e decididas à cerca dos medicamentos deſte tam dilatado Imperio. Author Manoel Rodrigues Coelho, Boticario neſta Corte, e natural da Villa de Setubal. Offerecida ao Senhor Dezembargador Joaõ Alvares da Costa, Cavalleiro Professo na Ordem de Christo, da Academia Real da Historia erudictiſſimo Academico, Dezembargador rectiſſimo da Casa da Supplicaçaõ; Sapientiſſimo Expediente dos Aggravos, do Fiſco digniſſimo Juiz, das Nações de Alemanha, e Amburguenſe meretiſſimo Conſervador, do Real Tribunal do Conſelho de Guerra vigilantiſſimo Promotor, e do tombo da repreſalia Juiz Doutiſſimo, por Carlos da Sylva Correia. Lisboa Occidental, Na Officina de Antonio de Sousa da Sylva. M. DCC. XXXV. Com todas as licenças neceſſarias.

1766 Colleccaõ de varias receitas, dos Jesuítas [Manuscrito Opp. NN. 17, Archivum Romanus Societatis Iesu, Roma]
Colleccaõ de varias receitas e segredos particulares das principaes boticas da nossa Companhia de Portugal, da India, de Macao, e do Brazil, compostas, e experimentadas pelos melhores Medicos, e Boticarios mais celebres que tem havido neſſas partes. Aumentada com alguns indices, e noticias muito curiozas, e neceſſarias para a boa direcçaõ, e acerto contra as enfermidades. Em Roma. An. M.DCC.LXVI. com todas as licenças neceſſarias.

1766 Pharmacopea Portuense, de António Rodrigues Portugal (1738-1788)
Pharmacopea Portuense, em a qual ſe achaõ muitas das compoziçoens que eſtaõ mais em uzo, e ſe naõ achaõ nas noſſas Pharmacopeas portuguezas, tiradas das pharmacopeas de Londres, de Edinburgo, de Pariz, de Fuller, da Medulla, e de outros varios authores, que todas vaõ poſtas em ordem alfabetica para o ſeu mais accomodado, e prompto uzo. Que dedica, e conſagra ao Ill.mo, e Ex.mo Senhor Joaõ de Almada, e Mello Do Conſelho de S. M. F. Tenente General dos ſeus Exercitos, Governador das Armas do Partido, e Cidade do Porto, Governador das Juſtiças, Prezidente da Marinha, e da Camara da meſma Cidade. &c. &c. &c. Antonio Rodrigues Portugal Cyrurgiaõ da Cidade do Porto, e della natural. PORTO: Na Offic. de Franciſco Mendes Lima. Anno de M. DCC. LXVI. Com todas as licenças neceſſarias.

1768 Pharmacopea Meadiana, de Richard Mead (tradução de António Rodrigues Portugal)
Pharmacopea Meadiana [...] PORTO: Na Officina de Franciſco Mendes Lima. Anno de M. DCC. LXVIII. Com todas as licenças neceſſarias.

1772 Pharmacopea Dogmatica, do Padre Frei João de Jesus Maria (1716-1795)
Pharmacopea Dogmatica Medico-Chimica, e Theorico-Pratica. Dividida em Duas Partes: Na primeira se tracta das principaes partes e operaçoens [...] Na segunda se daõ as necessarias noticias muito exactas [...] Obra Utilissima, a qualquer Profeſſor de Medicina, e particularmente preciſa aos PharmaceuticosDedicada ao nosso Reverendissimo D. Abbade Geral de S. Bento, E mais Monges deſta Congregaçaõ de Portugal, e Provincia do Braſil. Tomo I. Autor O P. Fr. Joaõ de Jesus Maria, Monge da meſma Congregaçaõ, e Adminiſtrador da Botica do Reformado, e Antiquiſſimo Moſteiro de Santo Thyrſo. PORTO: Na Officina de Antonio Alvares Ribeiro Guimar: Á sua cuſta impreſſa. Anno de MDCCLXXII. Com licença da Real Meza Cenſoria.

Primeira página da Pharmacopea Dogmatica. Imagem tirada daqui.

1785 Farmacopéa Lisbonense, de Manuel Joaquim Henriques de Paiva (1752-1829)
Farmacopéa Lisbonense ou Collecção Dos Simplices, Preparações, e Compoſições mais efficazes, e de maior uſo. Por Manoel Joaquim Henriques de Paiva MEDICO. LISBOA Na Officina de Filippe da Silva e Azevedo. Anno M. DCC. LXXXV. Com licença da Real Meza Cenſoria.

1794 Pharmacopeia Geral 
Pharmacopeia Geral para o Reino, e Dominios de Portugal, publicada por ordem da Rainha Fidelissima D. Maria I. Tomo I. Elementos de Pharmacia. Lisboa, na Regia Officina Typografica. Anno M. DCC. XCIV.

1805 Pharmacopea Chymica, Medica, e Cirurgica, de António José de Sousa Pinto (c. 1777-1853)
Pharmacopea Chymica, Medica, e Cirurgica, em que se expõem os remedios simples, e compostos, suas virtudes, preparação, doses, e molestias, a que são applicaveis. Dedicada ao muito alto e soberano Principe Regente D. João Nosso Senhor por Antonio José de Sousa Pinto Boticario nesta corte. LISBOA Na Impressão Regia Anno M. DCCC. V. Por Ordem de S. A. R.

1809 Pharmacologia, de Francisco Tavares (1750-1812)
Francisci Tavares Reginae. Fidelissimae. MARIAE I. Proto-medici. Cubicularii. Vir. patr. Consiliar. aul. Archiatr. lusit. Christ. milit. Eq. In conimbric. universit. med. d. mat. medic. inst. med. et prax. clin. P. P. O. emerit. Reg. cur. proto-medicat. deput. Censor. reg. Acad. r. sc. olisip. soc. effect. et. Acad. med. pract. barcinon. soc. intim. cet. cet. Pharmacologia novis recognita curis, aucta, emendata, et hodierno saeculo accommodata in usum praelectionum academicarum conimbricensium. Conimbricae : Typis Academicis, 1809.

1819 Pharmacopea Naval e Castrense, de Jacinto da Costa (1770-c. 1850)
Pharmacopea Naval, e Castrense. Offerecida ao Illustrissimo Senhor Fr. Custodio de Campos e Oliveira, Freire Conventual, e Commendador da Ordem de Christo, Cavalleiro da Nobilissima Ordem da Torre e Espada, Membro da Junta Chirurgica e Medica na Corte do Rio de Janeiro, Primeiro Chirurgião da Real Camara de Sua Magestade, com exercicio effectivo, Chirurgião Mór das Armadas e Exercito nos tres Reinos Unidos, Capitão de Mar e Guerra, e Coronel Graduado, etc. etc. etc. Pelo seu delegado Jacinto da Costa, Primeiro Chirurgião do Hospital Militar da Marinha, e approvado em Medicina Prática; Chirurgião do Numero da Armada Real, Examinador do Numero em Chirurgia Civil, e em Chirurgia, e Pharmacia Naval; Chirurgião Mór do Batalhão de Artilheria Nacional de Lisboa Occidental, etc. Tomo II. LISBOA: Na Impressão Regia. 1819. Por Ordem Superior

1833 Pharmacopea das Pharmacopeas, de B. J. O. T. Cabral
Pharmacopea das Pharmacopeas Nacionaes e Estrangeiras, excepto a Geral destes Reinos, citadas nos regimentos dos pharmaceuticos portuguezes de 1831 e de 1833: ou Collecção de todas as formulas e processos dos medicamentos preparados conforme as pharmacopeas Bateana, de Baumé, de Chevallier, de Dublin, d'Edimburgo, Franceza, de Fuller, Hespanhola, Herbipolitana, de Lewis, de Londres, Lusitana, de Palacios, de Parmentier, Suecica, de Swediaur, Tubalense, de Van Mons, de Virey, Wittenbergica; conforme as Pharmacologias Chirurgicas, de Londres, e de Plenck; conforme os Dispensatorios d'Edimburgo, e de Fulda; conforme os Formularios Magistraes de Cadet, e de Magendie; e conforme Boerhaave, Bodard, Buglivio, Darwin, Goulard, Henry (filho) Rego, Thenard, Tissot, e Van-Swieten; e também Das Formulas e Processos dos Medicamentos, cujas Preparações os Regimentos sobreditos não estão em Pharmacopea alguma, nem se achão na Geral destes Reinos; incluidos outros Additamentos importantes, e a designação das Virtudes e Doses dos Medicamentos, autorisada com a citação dos Praticos mais acreditados. Acompanhada d'estampas e taboas muito uteis: Compilada pelo Bacharel B. J. O. T. Cabral. Tomo I. LISBOA: Na Impressão Regia. 1833. Com licença.

1835 Codigo Pharmaceutico Lusitano, de Agostinho Albano da Silveira Pinto (1785-1852)
Codigo Pharmaceutico Lusitano ou Tratado de Pharmaconomia, No qual s'explicão as regras e preceitos com que se escolhem, conservão e prepárão os Medicamentos; e se appresentão as virtudes, usos e dóses das fórmulas pharmaceuticas. Por Agostinho Albano da Silveira Pinto, Doutor em Filosofia, Medico da Real Camera, Director da Real Academia de Marinha e Commercio, e da Regia Eschola Chirurgica do Porto, Socio da Real Academia das Sciencias de Lisboa, etc. etc. etc. Coimbra, Na Imprensa da Universidade. 1835.

1876 Pharmacopêa Portugueza
Pharmacopêa Portugueza. Edição Official. Lisboa. Imprensa Nacional. 1876

1935 Farmacopeia Portuguesa IV (1.ª edição)
Farmacopeia Portuguesa. Edição Oficial. Imprensa Nacional de Lisboa. 1935

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