sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Tu que tens, ó D. Fernando




— Tu que tens, ó D. Fernando,
que andas tão triste na guerra?,
ou te morreu pai ou mãe
ou gente da tua terra.

— Não me morreu pai nem mãe,
nem gente da minha terra:
vou triste por minha amada,
deixei-a e vim para a guerra.

— Aparelha o teu cavalo,
sete anos ao pé dela.

Ao cabo de sete anos
soldado volta da guerra:

— Tua amada já é morta,
é morta, eu bem a vi.
— Dá-me os sinais que levava
para me eu fintar em ti.

— Levava saia de seda
e blusa de carmesim;
o cinto que a apertava
era de ouro e marfim.


— Eu vendia o meu cavalo,
também me vendia a mim,
para mandar dizer missas,
tudo por alma de ti!

— Não vendas o teu cavalo,
nem te vendas tu a ti:
quanto mais bem me fizeres
mais pena se mete em mim;

as três filhas que lá temos
leva-as para ao pé de ti:
que se não percam por homens
como eu me perdi por ti...

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