trigger = espoleta (IT) ~ disparador (LA) ~ gatilho (ES) ~ escora (LA via IT)
~ detonador ~ deflagador ~ desencadeador
ficar obrigado, e não ser/estar obrigado
6 maneiras de expressar o futuro em português (Marco Neves, Gramática p. 58):
1. Sim, eu falo com o João.
2. Sim, eu vou falar com o João.
3. Sim, eu falarei com o João.
4. Sim, eu hei-de falar com o João.
5. Sim, eu irei falar com o João.
6. Sim, eu haverei de falar com o João.
recepção
espectador
concepção
céptico
característica
superba, adj.
soberba, nome
chão ― popular
porão (arc. prão) ― semicultismo
plano ― cultismo
lhano ― espanholismo
piano ― italianismo
E são todas derivadas do latim planum. Pilar Vázquez Cuesta, Gramática, p. 264.
shade
matiz é castelhano
nuance é francês
cambiante é que é português!
os vários sons do X:
/sem valor fonético/ excepto, excitante, excesso, excepção, excelente (Br)
/s/ extra, texto, explorar, extrair, extinção, experiência, expectativa, extremo, externo (Br)
/z/ executo, exército, exemplo, exímio, exame, êxito, exagero
/cs/ fixo, anexo, flexível, fluxo, clímax, índex, reflexo
/ss/ próximo, sintaxe, auxiliar, máximo
/ch/ luxo, lixo, paixão, mexer, xadrez, enxame, taxa
/gz/ exímio (antigamente)
Pôr acentos é fácil na escrita à mão, mas é muito chato de fazer num teclado, seja no computador, seja na máquina de escrever. Quando Gonçalves Viana nasceu (1840) ainda não havia máquina de escrever (que foi inventada por um brasileiro em 1861, mas anunciada por um americano em 1874). Ora, quando ele criou a sua ortografia fonética, em 1883, ainda se escrevia sempre à mão (mesmo textos que eram para ir para o prelo), daí a rica acentuação que ele incluiu como modificadores fónicos. Quando ele a publicou, já a máquina de escrever era comum [Mas os tipógrafos franceses do século XVI preferiam os acentos, porque poupava um carácter, enquanto que os escrivãos preferiam as consoantes mudas, porque serviam de acentuação sem ser preciso levantar a pena do papel ― na língua francesa foram, portanto, os tipógrafos que ganharam!]
https://computatiolusitana.wordpress.com/2021/09/27/uma-maquina-de-escrever-construida-em-lingua-portuguesa/
fenestra > *fẽestra > fiestra, fresta
ianua > ianuella > janela
ventana > ventãa > venta
carga ― cárrega [v. Gil Vicente, Auto da Barca do Inferno]
cargo ― cárrego [galego]
cronha ― coronha [v. Camilo, Novelas do Minho]
crónica ― corónica [d'el Rey Dom Fernando, Fernão Lopes]
Crunha ― Corunha
provável ― probable
Rafaela Fiandeiro - Tradutora e Revisora (FB 17/11/2021)
Qual a opção correta?
a) A greve foi desconvocada à última hora.
b) A greve foi desconvocada à última da hora.
Miguel Prôa:
Eu advogo que ambas estão correctas. Naturalmente que, no português escrito, a 𝘯𝘰𝘳𝘮𝘢 da língua manda usar a opção a), mas na oralidade eu uso muito a b), que é 𝘯𝘰𝘳𝘮𝘢𝘭 na minha terra. O «da» funciona como partícula expletiva ou de realce, que realça o sentido da frase mas não está lá a fazer nada. Como em "o que é que é isto?" ou "vamos lá!": o segundo «é que» e o «lá» são desnecessários e não se escreveriam num texto formal, mas na fala dão ênfase ao que se quer dizer. Corrija-me se eu estiver enganado.
GALEGO
auga ― água
cáxeque ― quase que
secomasi ― assim como assim (assi com'assi)
de feito ― de facto
coas ― com as [v. Prontuário de F. Xavier Roberto & Luís de Sousa, p. 37]
bágoas ―lágrimas
limiar ou soleira ou adro ― (entrada) prólogo, preâmbulo
cabo ― conclusão, fim
seica, seique ― sei que, talvez, se calhar
tamém ou tamẽ ― também
home ― homem
amanhá ― amanhã
anda más eu ― anda mais eu, anda comigo, vem comigo
precura ― pergunta, procura
eu fum ― eu fui (funh'eu, diz-se na minha terra, que não fica a norte do rio Douro... não fica sequer a norte do rio Tejo!)
neno, nena ― menino, menina (mê neno? 'nha nena?)
canle ― cãle (s.f. = canal, ex. de televisão, de YouTube)
senlheiro ― sẽlheiro (só, sòzinho, singular, solitário)
Pequeno Vocabulário de Estrangeirismos (incl. latinismos):
abalar, do verbo latino advallare, «descer pró vale», «ir para baixo».
aborígene, da locução latina ab origine, «desde a origem», habitantes naturais de um país ou região.
azulejo, do verbo árabe zullaja, «deslizar, escorregar», do substantivo az zullaiju, «coisa lisa, pedra lisa», ou do adjectivo diminutivo zuluj «liso(inho), escorregadio(zinho)» (Orlando Neves, 2001, Dicionário da Origem das Palavras, Círculo de Leitores).
badameco, do latim vade mecum, «vai comigo», e era (e é ainda, às vezes) o nome que os estudantes em Coimbra damos à pasta que carregamos sempre de um lado para o outro. Não é a pasta que é importante, o que vem lá dentro é que é (os apontamentos, os livros ― mas tantas vezes andamos com ela vazia!).
Darios (como Carlos ou Marcos), e não Dario nem Dário. É o que devia ser, mas a forma «Dário» é que pegou.
energia, entalpia, entropia,
janela, do latim ianus, passagem; ianua, «porta de entrada», cujo diminutivo em -ella deu ianuella, «pequena passagem». Na Galiça preferem fiestra, do latim finestra pela conhecida queda do N intervocálico; que também deu fresta e os adjectivos fenestrado e defenestrado. A palavra ventana, que parece tão espanhola, é latim que passou a ventãa pela nasalização da vogal anterior ao N, depois ventã e também venta, para depois regressar, por via erudita, a ventana.
meiga, s. f. maga, bruxa, feiticeira, que é a acepção que ainda hoje tem prós galegos. Vem do latim magicus, que deu mágico, magia, mas também maga, meiga, meigueira, meiguices, que depois se transmutou a sul do Minho (do Vouga?) em adjectivo querendo dizer carinhosa, doce, afável, atraente.
mirabolante, do francês antigo mire = médico, e bolus = pílula: Bon mire est qui sait garir / quand il amend au malade, il empire au mire [Bom médico é quem sabe curar / quando isso faz melhor ao doente, faz pior ao médico]. Hauteroche, autor dramático do séc. XVII, pôs em cena um médico que tratava os seus doentes com pilulas, com resultados extraordinários, surpreendentes, e deu-lhe o nome de Dr. Mirabolant (Orlando Neves, 2001, Dicionário da Origem das Palavras, Círculo de Leitores, p. 173).
missa, particípio do verbo latino mittere, «enviar, deixar ir, despedida» (Orlando Neves, 2001, Dicionário da Origem das Palavras, Círculo de Leitores, p. 174). Emissário, missiva, missão.
pregunta, preguntar,
negócio, não-ócio, do latim nec otium, o que se faz fora das horas vagas.
novela, pequena nova, pequena notícia; pequena narração de um facto. Em français, des nouvelles = novas [notícias]; em inglês, news = novas [notícias]. Do diminutivo latino novella, radical nova + sufixo diminutivo ella.
vendaval, tradução do francês vent d'aval [vento de juzante], «vento que vem de baixo, que vem do vale» (Orlando Neves, 2001, Dicionário da Origem das Palavras, Círculo de Leitores, p. 228).