― «Detido suspeito de homicídio numa esplanada em Santarém.» ― in O Mirante, 03/10/2022, 10:08.
Um bom exemplo do ambíguo e descuidado linguajar jornalístico que hoje se pratica: afinal, o homicídio foi cometido numa esplanada em Santarém, ou foi o suspeito que foi detido numa esplanada em Santarém? Mais tarde, no mesmo dia, a notícia é actualizada, mas o título fica ainda mais confuso com a eliminação do verbo:
― «Prisão preventiva para suspeito de homicídio numa esplanada em Santarém.» ― in O Mirante, 03/10/2022, 19:33.
Afinal, repito, foi o homicídio que foi cometido numa esplanada em Santarém, ou foi o suspeito que ficou em prisão preventiva numa esplanada em Santarém? Deve ser agradável ficar em prisão preventiva numa esplanada! Ou será que a prisão preventiva é para ser cumprida em Santarém ― a prisão do homem suspeito de ter cometido um homicídio numa esplanada? Ou será que o jornalista queria dizer que, no momento em que foi detido e depois preso preventivamente, o suspeito se encontrava numa esplanada em Santarém? E será evidente que a esplanada é mesmo em Santarém?
Naturalmente, basta ler o corpo da notícia para que tudo isto fique claro, mas (e assumindo que a ambigüidade não seja propositada) o descuido na redacção do título ― palavras precipitadas para uma frase só para atrair a atenção de quem lê ― indicia amadorismo, senão mesmo um desprezo pelo leitor.
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