sexta-feira, 17 de maio de 2013

Revistas Literárias Britânicas do Século XIX

Estas revistas foram numerosas e algumas não subsistiram por muito tempo. Deixo aqui apenas as mais conhecidas e/ou longevas.

1809-1967  Quarterly Review

1817-1980  Blackwood's Magazine

1824-1914  Westminster Review

1841-1992  Punch; or, The London Charivari
1996-2002  Punch

1850-present  Harper's Magazine

1860-1910  Good Words

1860-1975  The Cornhill Magazine

1862-1898  London Society

1865-1954  The Fortnightly Review (2009-present new series)

1877-1901  The Nineteenth Century 
1901-1951  The Nineteenth Century and After
1951-1972  The Twentieth Century

1879-1967  The Boy's Own Paper

1891-1950  The Strand Magazine (1996-present new series in the USA)

1892-1911  The Idler

1893-1914  The Pall Mall Magazine

1897-1912  Cassell's Magazine

1907-1937  The Story-Teller

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Citações Alargadas

"Não há maneira. Por mais boa vontade que tenham todos, uma discussão nesta santa terra portuguesa acaba sempre aos berros e aos insultos. Ninguém é capaz de expor as suas razões sem a convicção de que diz a última palavra. E a desgraça é que a esta presunção do espírito se junta ainda a nossa velha tendência apostólica, que onde sente um náufrago tem de o salvar. O resultado é tornar-se impossível qualquer colaboração nas ideias, o alargamento da cultura e de gosto, e dar-se uma trágica concentração de tudo na mesquinhez do individual."
- Miguel Torga, in Diário (1940)


Caricatura de Honoré Daumier (1808-1879) no jornal La Caricature N.º 140 (1833), onde Dom Pedro (à esquerda, não por acaso) é instigado pelo rei Luís Filipe I de França a retirar a coroa de Portugal a Dom Miguel (à direita), que é amparado pelo czar Nicolau I da Rússia. A legenda diz "Kssssse! Pédro... Ksssse! Ksssse! Miguel! (Ces deux capons lá ne se feront jamais grand mal)".

"Sim, perdemos [a paisagem]. (...) [Na Europa] tinha havido guerras e muitas cidades importantes tinham sido destruídas ou meio destruídas. Fazer cidade no pós-guerra correspondia também a ter de fazer campo. Pode dizer-se que foi nesses anos que se desenvolveu a arquitectura paisagista. (...) A cidade só faz sentido com o campo. (...) A força, a vontade de [re]construir [na Alemanha do pós-guerra] sobrepunha-se à realidade. Não calcula a intensidade e a alegria com que reconstruíam. Assisti a cenas espantosas. Uma festa em Aachen, sobre o Ruhr, porque de determinado lugar já se viam as agulhas da Catedral de Colónia! A guerra tinha apagado tudo isso. (...) Não era uma questão religiosa, era o facto de se poder voltar a ver. (...) Tinham perdido o sentido das coisas no território."
- Gonçalo Ribeiro Telles, in LER n.º 124, Maio 2013, p. 24 e ss.

"(...) ao Acordo Ortográfico, que, aliás, é outra história que não vale a pena a gente meter-se nela. Já perdemos a virgindade ortográfica há muito tempo, a não ser que restaurem o 'y' e o 'ph', deixem ficar. Já passei por quatro [acordos ortográficos] na minha vida. Tanto faz."

- Helder Macedo, in LER n.º 122, Março 2013, p. 30.

"Assim, pois, o sacristão da Sé, um dia, ajudando à missa, viu entrar uma dama, que devia ser sua colaboradora na vida de Dona Plácida. Viu-a outros dias, durante semanas inteiras, gostou, disse-lhe alguma graça, pisou-lhe o pé, ao acender os altares, nos dias de festa. Ela gostou dele, acercaram-se, amaram-se. Dessa conjunção de luxúrias vadias brotou Dona Plácida. É de crer que Dona Plácida não falasse ainda quando nasceu, mas se falasse podia dizer aos autores de seus dias:  Aqui estou. Para que me chamastes?  E o sacristão e a sacristã naturalmente lhe responderiam:  Chamámos-te para queimar os dedos nos tachos, os olhos na costura, comer mal, ou não comer, andar de um lado para o outro, na faina, adoecendo e sarando, com o fim de tornar a adoecer e sarar outra vez, triste agora, logo desesperada, amanhã resignada, mas sempre com as mãos no tacho e os olhos na costura, até acabar um dia na lama ou no hospital; foi para isso que te chamamos, num momento de simpatia."
- Joaquim Maria Machado de Assis, in Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Cap. LXXV, pp. 130 e ss.