"Para Lobato, o conto é mesmo a narrativa de “causos” e deve se desenrolar levando com ele o leitor atento à sucessão dos fatos. (...) sua teoria do conto, a partir de seus modelos, Maupassant e Kipling: «Quero conto que conte coisas; conto donde eu saia podendo contar a um amigo o que aconteceu, como fulano morreu, se a menina casou, se o mau foi enforcado ou não.» (...) A origem dessas narrativas curtas está nas histórias que ouve, nos relatos que se espalham, em recriações de fábulas ou mitos tradicionais que vão se transformando nas ficções que se sucedem (...); é também sabendo ouvir de maneira toda especial a gente do interior e seus “causos”, incorporando e recriando sua linguagem (...): «Contos andam aí aos pontapés, a questão é saber apanhá-los. Não há sujeito que não tenha na memória uma dúzia de arcabouços magníficos, aos quais para virarem obra de arte, só falta o vestuário da forma, bem cortado, bem cosido, com pronomes bem colocadinhos». (...) não falta sequer o recurso ao fantástico, ao incrível fantasioso que dá aquele sal que considera imprescindível ao conto na construção do enredo que vai do amor romântico à história de terror." [«Grandes folhetinistas andam por este mundo de Deus perdidos na gente do campo, ingramaticalíssima, porém pitoresca no dizer como ninguém.» Monteiro Lobato no conto O mata-pau, in Contos Completos, p. 120]
― Beatriz Resende, na apresentação aos Contos Completos de Monteiro Lobato, pp. 10s."(...) texto fortemente entretecido de cortes, elipses, interrogações, dúvidas, anacolutos, litotes, com mudanças bruscas de interlocutor mesmo no meio da frase. E assim por diante, num discurso que habilmente desnorteia o leitor, ao mesmo tempo cativado e manipulado pela enganosa facilidade da leitura. (...) [A narradora] elege o microcosmo, examinando comportamentos e padrões de conduta, sem esquecer a lubrificação conferida pela hipocrisia (...). A narradora é instrumento aperfeiçoado, afinado e afiado, talvez a maior perícia da escritora. A elegância de uma escrita quase minimalista desposa a elegância das soluções de enredo. (...) duas categorias de contos ou grupo de contos: uma dos mais estruturados e uma dos menos estruturados, que já resvala para o fluxo da consciência."
― Walnice Nogueira Galvão, no posfácio da edição d'Os Contos de Lygia Fagundes Telles.
"(...) her economy, the boldness of her comic gift, her speed, her dramatic changes of the point of interest, her power to dissolve and reassemble a character and situation by a few lines (...)"
― V. S. Pritchett, on Katherine Mansfield, 1946 (v. Guardian bookblog).
"(...) what we usually mean by the [short story] genre is that concentrated form of writing that, breaking away from the classic short tale, became, as it were, the lyric poem of modern fictional prose. The great precursors were Chekhov, Henry James, Katherine Mansfield, James Joyce, and Sherwood Anderson. It took on a strong modernist evolution in the work of Hemingway, Faulkner, Babel and Kafka which, in the period after 1940, was followed by a new wave of experiment led by Beckett and Borges (...). The modern short story has therefore been distinguished by its break away from anecdote, tale-telling and simple narrative, and for its linguistic and stylistic concentration, its imagistic methods, its symbolic potential. (...) the story as an art of figures rather than adventures, (...) committed to the single occasion or the single concentrated image (...)."
― Malcolm Bradbury, from the introduction to The Penguin Book of Modern British Short Stories (1987).
"(...) the short story—in its earliest manifestations, the short tale or romance—as a form ideally suited to the expression of the imagination. (...) lends itself to experimentation and idiosyncratic voices. (...) it represents a concentration of imagination, and not an expansion; (...) and, no matter its mysteries or experimental properties, it achieves closure—meaning that, when it ends, the attentive reader understand why. (...) not a mere concatenation of events, as in a news account or an anecdote, but an intensification of meaning by way of events. Its "plot" may be wholly interior, seemingly static, a matter of the progression of a character's thought. Its resolution need not be a formally articulated statement (...), but it signals a tangible change of some sort."
"In addition to these qualities, most short stories (but hardly all) are restricted in time and place; concentrate upon a very small number of characters; and move toward a single ascending dramatic scene or revelation. And all are generated by conflict. The artist is the focal point of conflict. Lovers of pristine harmony, those who dislike being upset, shocked, made to think and to feel, are not naturally suited to appreciate art, at least not serious art; which, unlike television dramas and situation comedies, for instance, does not evoke conflict merely to solve it within a brief space of time. Rather, conflict is the implicit subject, itself; as conflict, the establishment of disequilibrium, is the impetus for the evolution of life, so is conflict the genesis, the prime mover, the secret heart of all art."
― Joyce Carol Oates, from the introduction to The Oxford Book of American Short Stories (1992), pp. 10s.