terça-feira, 30 de junho de 2020

200 anos de Constitucionalismo em Portugal

Faz este ano de 2020 duzentos anos que começou o percurso constitucional português. Uma revolta no Porto em 1820 desencadeou o parlamentarismo moderno, que perdura com altos e baixos ou com funcionalidade dúbia desde então. Também se poderia considerar esse momento como o momento fundador do constitucionalismo/ parlamentarismo brasileiro, já que deputados brasileiros tiveram assento nas Cortes de 1821 e vários deles assinaram a Constituição de 1822, que (ainda que não tenha sido posta em prática por razões óbvias) devia ser considerada, com justiça, a primeira constituição brasileira, tal como foi a primeira portuguesa.

Vou deixar aqui uma cronologia simplificada dos acontecimentos mais importantes, legalmente falando, nestes últimos 200 anos em Portugal.

1820 Revolução Liberal no Porto
1821 Cortes Gerais Extraordinárias e Constituintes
1822 Constituição de 1922, 1.º período de vigência
1823 Suspensão da Constituição
1824 
1825 
1826 Carta Constitucional de 1826, 1.º período de vigência
1827 
1828 Suspensão da Carta Constitucional
1829 
1830 Guerra Civil Portuguesa 1830-1834
1831 
1832 
1833 
1834 Carta Constitucional de 1826, 2.º período de vigência
1835 
1836 Constituição de 1822, 2.º período de vigência
1837 
1838 Constituição de 1838
1839 
1840 
1841 
1842 Carta Constitucional de 1826, 3.º período de vigência
1843 
1844 
1845 
1846 
1847 
1848 
1849 
1850 
1851 Insurreição militar, início da Regeneração
1852 Carta Constitucional de 1826, 1.º Acto Adicional à Carta
1853 Rei Dom Pedro V
1854 
1855 
1856 
1857 
1858 
1859 
1860 
1861 Rei Dom Luís I
1862 
1863 
1864 
1865 
1866 
1867 Código Civil de 1867
1868 Fontismo, 1.º período; fim da Regeneração
1869 
1870 
1871 
1872 
1873 
1874 
1875 
1876 
1877 
1878 Fontismo, 2.º período
1879 
1880 
1881 
1882 
1883 
1884 
1885 Carta Constitucional de 1826, 2.º Acto Adicional à Carta
1886 
1887 
1888 
1889 Rei Dom Carlos I
1890 Ultimato Britânico; fim do Fontismo
1891 
1892 
1893 
1894 
1895 
1896 Carta Constitucional de 1826, 3.º Acto Adicional à Carta
1897 
1898 
1899 
1900 
1901
1902 
1903 
1904 
1905 
1906 
1907 Carta Constitucional de 1826, 4.º Acto Adicional à Carta
1908 Rei Dom Manuel II
1909 
1910 Implantação da República
1911 Assembleia Nacional ConstituinteConstituição de 1911
1912 
1913 
1914 
1915 Suspensão da Constituição
1916 Lei n.º 635/1916, 1.ª Revisão Constitucional
1917 Suspensão da Constituição
1918 Decreto n.º 3997/1918, "Constituição de 1918"
1919 Constituição de 1911, Revisões: Lei n.º 854, Lei n.º 891
1920 Lei n.º 1005/1920, 4.ª Revisão Constitucional 
1921 Lei n.º 1154/1921, 5.ª Revisão Constitucional 
1922 
1923 
1924 
1925 
1926 Ditadura Militar
1927 
1928 Ditadura Nacional
1929 
1930 
1931 
1932 
1933 Constituição de 1933, Estado Novo
1934 
1935 
1936 
1937 
1938 
1939 
1940 
1941 
1942 
1943 
1944 
1945 Lei n.º 2009/1945, 1.ª Revisão Constitucional
1946 
1947 
1948 
1949 
1950 
1951 Lei n.º 2048/1951, 2.ª Revisão Constitucional
1952 
1953 
1954 
1955 
1956 
1957 
1958 
1959 Lei n.º 2100/1959, 3.ª Revisão Constitucional
1960 
1961 
1962 
1963 
1964 
1965 
1966 Código Civil de 1966
1967 
1968 
1969 
1970 
1971 Lei n.º 3/1971, 4.ª Revisão Constitucional
1972 
1973 
1974 Processo Revolucionário em Curso
1975 Assembleia Constituinte
1976 Constituição de 1976
1977 
1978 
1979 
1980 
1981 
1982 Constituição de 1976, 1.ª Revisão Constitucional
1983 
1984 
1985 
1986 
1987 
1988 
1989 Constituição de 1976, 2.ª Revisão Constitucional
1990 
1991 
1992 Constituição de 1976, 3.ª Revisão Constitucional
1993 
1994 
1995 
1996 
1997 Constituição de 1976, 4.ª Revisão Constitucional
1998 
1999 
2000 
2001 Constituição de 1976, 5.ª Revisão Constitucional
2002 
2003 
2004 Constituição de 1976, 6.ª Revisão Constitucional
2005 Constituição de 1976, 7.ª Revisão Constitucional
2006 
2007 
2008 
2009 
2010 (Constituição de 1976, 8.ª Revisão Constitucional não concluída)
2011 
2012 
2013 
2014 
2015 
2016 
2017 
2018 
2019 

segunda-feira, 22 de junho de 2020

Autoras Portuguesas do Século XIX

É mesmo uma feliz surpresa quando descubro uma grande autora! Estou particularmente impressionado com Claudia de Campos e com a alta qualidade dos seus textos! Tal como para o post anterior, para esta lista excluí autoras cuja produção conhecida se cinge a textos religiosos, ou a apenas um ou dois poemas esparsos, ou a correspondência; excluí as autoras que só são conhecidas porque aparecem com um ou dois poemas em colectâneas; finalmente, incluí autoras cuja produção se efectivou já entrado o século XX, mas nascidas ainda no século XIX. Apesar destes limites que me auto-impus, na centúria de oitocentos já começam a ser muitas as mulheres que, felizmente, conseguem publicar as suas obras (e ser reconhecidas por isso, ainda que muitas mais estejam certamente por redescobrir). Por isso, não consigo fazer uma lista exaustiva. Aconselho a consulta da tese de doutoramento de Elen Biguelini para encontrar muitas outras mulheres que merecem ser incluídas aqui (e que o serão, tenha eu tempo).

Deixo, porém, uma note to self. Porque vejo aqui padrões (patterns), merecem mais pesquisa e talvez um post cada: as irmãs Souza; as irmãs Moraes Sarmento; as primeiras médicas, a primeira engenheira, a primeira arquitecta; as três primeiras deputadas ao Parlamento; CBA e as primeiras mulheres eleitoras; a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas e o Comité Português de La Paix et le Désarmement par les Femmes. Talvez também me ponha a ler sobre a tríade de pintoras de nível mundial Aurelia de Souza, Vieira da Silva e Paula Rego.


Maria Archer (1899-1982)
Maria Emília Archer Eyrolles Baltasar Moreira. Romancista prolífica. [ref1]

Lucinda Pinto (18??-19??)
Joana Joaquina Lucinda Pinto. A primeira mulher goesa formada em Medicina, pela Escola Médico-Cirúrgica de Goa em 1919. [ref1ref2ref3]

Sara Barchilon Benoliel (1898-1970)
Médica. [ref1]

Seomara da Costa Primo (1895-1986)
Bióloga. [ref1]

Marta de Mesquita da Câmara (1895-1980)
Usou o pseudónimo Tia Madalena. Escritora. Inúmeras obras publicadas.

Regina Quintanilha (1893-1967)
Regina da Glória Pinto de Magalhães Quintanilha de Sousa e Vasconcelos. Advogada, foi a primeira mulher a exercer em Portugal. [ref1]

Mathilde Bensaúde (1890-1969)
Mathilde Oulman Bensaúde. Bióloga. [ref1]

Maria Evangelina da Silva Pinto (1887-1973)
Médica. Formou-se na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa em 1915. [ref1]

Maria Matos (1886-1952)
Maria da Conceição de Matos Ferreira da Silva. Dramaturga e atriz. [ref1]
África (1935), teatro
Dizeres de Amor e de Saudade (1935), teatro
Direitos do Coração (1936), teatro
A Tia Engrácia (1936), teatro
Escola de Mulheres (1937), teatro

Virgínia Quaresma (1882-1973)
Virgínia Sofia Guerra Quaresma. Jornalista. [ref1]

Maria Joana de Freitas Pereira, (1880-19??)
Médica, pioneira na área da Radiologia. Terminou o curso de Medicina na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa em 1905. [ref1]

Sofia Quintino (1878-1964)
Médica. Defendeu a tese “Algumas palavras acerca de Sensibilização de Bactérias” formando-se em Medicina a 13 de Julho de 1905. [ref1]

Carolina Beatriz Ângelo (1878-1911)
Formou-se em Medicina em 1902 com o tema de dissertação "Prolapsos Genitais" e especializou-se em Ginecologia dez anos depois. Acabou assim por tornar-se a primeira cirurgiã em Portugal e a primeira a operar no Hospital de S. José, em Lisboa. Tornou-se a primeira mulher a votar em Portugal, na eleição para a Assembleia Nacional Constituinte de 1911. [ref1]

Emilia de Sousa Costa (1877-1959)
Emília da Piedade Teixeira Lopes de Sousa Costa. Escritora, contista e activista do feminismo, considerada pioneira da literatura infantil em língua portuguesa. [ref1ref2]
Como eu vi o Brasil, Lisboa: Empresa Diário de Notícias, 1926.
Quem tiver filhas no mundo..., 1933. Portada criada por Raquel Roque Gameiro.
Lendas de Portugal, Porto: Empresa Nacional de Publicidade, 1935.
No reino do Sol, Porto: Ática, 2.ª edição, 1947. Em colaboração com Ofélia Marques.
- Publicou também inúmeros livros infantis.

Maria Cândida Parreira (1877–1942)
Maria Cândida de Oliveira Parreira. Advogada, política e poetisa. Em 1934, a convite de António de Oliveira Salazar, integrou a lista única de candidatos a deputados à recém-fundada Assembleia Nacional, acabando por vir efectivamente a desempenhar essas funções durante a I Legislatura do Estado Novo, entre Janeiro de 1935 e Novembro de 1938, na companhia de outras duas mulheres, Domitila de Carvalho e Maria Baptista Guardiola, todas elas solteiras e católicas. [ref1]

Cândida Aires de Magalhães (1875-1964)
Cândida Vaz de Carvalho Aires de Magalhães. Escritora. [ref1ref2]
Trevas Luminosas, 1919.
Falam os Meninos, 1927, contos para crianças
Asas Feridas, 1928.
Um Português, 1932, um folheto constituído por quatro sonetos e uma balada pela morte de D. Manuel II.
Gente Pequenina, 1935, livro para crianças.
- Colaborou em periódicos e almanaques.

Mafalda Mouzinho de Albuquerque (1874-1952)
Usou o pseudónimo Modesta. Escritora. [Lopes de Oliveira, p. 134]
Contos (1906)
Versos (1907)
O Coração de um Sábio (1908), romance
Um Rembrandt (1910)
Nevadas Penas (1913)
Ciúme (1918), teatro

Ana de Castro Osório (1872-1935)
Escritora e tradutora. Fundou a associação política Liga Republicana das Mulheres Portuguesas. Compilou, organizou, editou e publicou "Clepsidra", o único livro de Camilo Pessanha, em 1920, na editora por ela criada, Lusitânia. [ref1]
- Publicou vasta obra, principalmente estórias infantis e textos pedagógicos.

Rita de Moraes Sarmento (1872–1931)
Engenheira Civil, a primeira mulher a tirar este curso em Portugal. [ref1]

Domitila de Carvalho (1871-1966)
Domitila Hormizinda Miranda de Carvalho. [ref1]

Maria Veleda (1871-1955)
Maria Carolina Frederico Crispin; usou o pseudónimo Maria Veleda. Escritora e activista. [ref1]

Guilhermina de Moraes Sarmento (1870-19??)
Médica, uma das primeiras clínicas a nível nacional. [ref1]

Mécia Mouzinho de Albuquerque (1870-1961)
Escritora. [Lopes de Oliveira, p. 135]
A Tecedeira, poemeto, Lisboa, 1914
Fragmentos Históricos, versos, Lisboa, 1917
A Sonâmbula, contos, Lisboa, 1918, traduzidos em espanhol por Rafael Rotlan, Madrid, 1919
Rainha e Mártir, poemeto, Paris, 1920
Pela Vida Fora, versos, Lisboa, 1930
A Guitarra, versos, Lisboa, 1932
A Sua Majestade El-Rei Senhor Dom Manuel II, poemeto fúnebre, Lisboa, 1932;
Aventuras de Tomyris, romance, Lisboa, 1943
A Monja, Lisboa, 19??
Ao Fim da Estrada, no prelo 1948

Sophia de Souza (1870-1960)
Sophia Martins de Souza. Pintora. [ref1]

Maria Júdice da Costa (1870–1960)
Maria Bárbara Bicker Júdice da Costa. Cantora lírica. [ref1]

Maria Olivia Ribeiro Pessoa Cabral (1870-1955)
Médica. [ref1]

Emília Patacho (1870-1944)
Emília Cândida da Silva Patacho. Médica. Foi directora do Reformatório de Lisboa para o sexo feminino (1909-1931). Nesta Instituição acumulava as funções de médica e assistente de menores. [ref1]
Monografia do Reformatório de Lisboa (Sexo feminino), Ministério da Justiça e dos Cultos: Serviços Juridicionais e Tutelares de Menores, Vila do Conde, Tipografia do Reformatório de Vila do Conde, 1931.

Aurelia Moraes de Sarmento (1869-19??)
Médica. Matriculou-se na Academia Politécnica do Porto, com apenas 16 anos, nas cadeiras que faziam parte do plano de estudos como sendo obrigatórias para o ingresso na Escola Médico-Cirúrgica do Porto. Licenciou-se em Medicina na Escola Médico-Cirúrgica do Porto em 1891 com a tese Hygiene da Primeira Infancia, tendo sido a primeira mulher a licenciar-se me Medicina na Escola do Porto, seguida da sua irmã mais velha Laurinda Morais de Sarmento. Aurélia e Laurinda abriram um consultório médico privado que se situava no n.º 579 da Rua do Almada, no Porto, o qual estava vocacionado para doenças de senhoras e crianças, e tinha um serviço de partos a qualquer hora. [ref1ref2]

Laurinda de Moraes Sarmento (1867-19??)
Médica, 1.ª mulher matriculada na Escola Médico-Cirúrgica do Porto. [ref1]

Emília dos Santos Braga (1867-1950)
Emília Adelaide Xavier dos Santos e Silva Braga. Pintora naturalista, discípula da José Malhoa e professora de Vieira da Silva. [ref1]

Alice Moderno (1867-1946)
Alice Augusta Pereira de Melo Maulaz Moderno. Professora, escritora, tradutora, jornalista, publicista e poetisa, que se distinguiu como feminista e activista dos direitos dos animais. [ref1ref2]
- Publicou inúmeros romances e outros textos, e colaborou abundantemente em periódicos, alguns dos quais dirigiu.

Adelaide Cabete (1867-1935)
Adelaide de Jesus Damas Brazão e Cabete. Médica, activista feminista. [ref1]

Aurelia de Souza (1866-1922)
Maria Aurelia Martins de Souza. Pintora. [ref1]

Maria Teodora Pimentel (1865-19??)
Médica. Obteve o diploma do magistério primário, tendo sido professora de instrução primária e do ensino secundário. Após ter frequentado a Escola Politécnica de Lisboa transitou para a Escola Médico-Cirúrgica onde defendeu o "Acto Grande" no dia 8 de Novembro de 1895. [ref1]


Retrato da escritora Claudia de Campos, tirado no atelier de Maria Eugenia Reya Campos, em Lisboa. Da mão da escritora pode ler-se "Souvenir de Colette", um dos seus pseudónimos, e a data de 12 de Setembro de 1891. Imagem colectada daqui.

Claudia de Campos (1859-1916)
Maria Claudia de Campos; usou os pseudónimos Colette e Carmen Sylva. Escritora e activista feminista. [ref1ref2ref3; ref4]
Rindo... (contos), Lisboa, Oficina Tipográfica da Empresa Literária de Lisboa, 1892
Ultimo Amor, Lisboa, M. Gomes Editor, 1894
Mulheres (Ensaios de psychologia feminina), Lisboa, M. Gomes Editor, 1895.
A Esphinge, Lisboa, M. Gomes Editor, 1897
Elle: com retracto da auctora, Lisboa, Livraria Editora Tavares Cardoso & Irmão, 1899
A Baronesa de Staël e o Duque de Palmela, Lisboa, Tavares Cardoso & Irmão, 1901
- Vários ensaios, contos, prefácios e colaborações com periódicos.

Maria Paes Moreira (1857-1941)
Maria Leite da Silva Tavares Paes Moreira. Médica. Foi a primeira aluna a matricular-se na Academia Polytechnica do Porto em 1884. Tinha 27 anos e era a única mulher entre os 206 matriculados. Mas o seu nome não consta da lista alfabética: o tipógrafo não acreditou tratar-se de uma mulher e escreveu Mário em vez de Maria. [ref1ref2]

Amélia Cardia (1855-1938)
Amelia dos Santos Costa Cardia. Uma das poucas mulheres a exercer Medicina em Portugal na segunda metade do século XIX. Médica, escritora e espírita. [ref1]
- romances "A Judia", "Episódios da Guerra" (contos), "Na Atmosfera da Terra", este último de cariz neo-espiritualista, e "Pecadora: romance psicológico" (1934).

Angelina Vidal (1853-1917)
Angelina Casimira do Carmo da Silva Vidal; usou o pseudónimo Republicana Viseense. Foi uma jornalista, tradutora, professora, olissipógrafa e escritora. Activista pelos direitos dos mais pobres e dos das mulheres, compactuando com a ideologia republicana e socialista. [ref1ref2]
- Publicou obra vastíssima em romance, conto, teatro e colaborações em periódicos e almanaques, incluindo periódicos no Brasil, em Angola e na Espanha.

Carolina Michaëlis de Vasconcelos (1851-1925)
Linguísta, professora universitária. Uma das duas primeiras mulheres admitidas como sócias da Academia das Sciencias de Lisboa (junto com Maria Amália Vaz de Carvalho). [ref1]

Maria Amália Vaz de Carvalho (1847-1921)
Escritora, polígrafa e poetisa, activista feminina, autora de contos e poesia, mas também de ensaios e biografias. Uma das duas primeiras mulheres admitidas como sócias da Academia das Sciencias de Lisboa (junto com Carolina Michaëlis de Vasconcelos). [ref1]

Maria Eugenia Reya Campos (1842?-1917)
Fotógrafa, a primeira fotógrafa profissional em Portugal; nascida em Valência de Alcântara, Espanha, filha de pai português. [ref1]

Hermenegilda de Lacerda (1841-1895)
Hermenegilda Teles de Lacerda. Escritora prolífica. [ref1]
- Teatro - Entre dois deveres, A verdadeira nobreza, O apóstolo; Deus existe e Heroismo de mulher.
- Romance: A mariquinhas da gruta; O eremita da ilha do Faial; Uma narrativa ao ar livre, Uma recordação dos 14 anos, Da fatalidade à felicidade, A voz da natureza, Faze bem não olhes a quem e O valle da feiticeira.
- Poesia: Horas crepusculares.

Ana Plácido (1831-1895)
Ana Augusta Vieira Plácido, viscondessa de Correia Botelho; assinava A.A. (Ana Augusta) e usou os pseudónimos Gastão Vidal de Negreiros Lopo de Souza. [ref1]
- Colaborou em diversas publicações e fez inúmeras traduções e adaptações.
Luz coada por ferros. Escriptos originaes, Lisboa, na Typ Universal, 1863.
Herança de Lágrimas, Guimarães, Redacção Vimaranense, 1871.[pseud. Lopo de Souza]

Antonia Getrudes Pusich (1805-1883)
Jornalista, a primeira mulher jornalista em Portugal. [ref1]


Bibliografia Geral
[ ] http://www.escritoras-em-portugues.eu/
[ ] https://debategraph.org/Details.aspx?nid=133376
[ ] Américo Lopes de Oliveira (1983) Escritoras Brasileiras, Galegas e Portuguesas. Braga: Tip. Silva Pereira.
[ ] Américo Lopes de Oliveira e Mário Gonçalves Viana (1967) Dicionário Mundial de Mulheres Notáveis. Porto: Lello & Irmão.
[ ] https://revistacaliban.net/a-literatura-feminina-em-portugal-480d17ecbe04
[ ] Elen Biguelini (2017) Tenho escrevinhado muito: Mulheres que escreveram em Portugal (1800-1850). Tese de doutoramento, Universidade de Coimbra.

domingo, 21 de junho de 2020

Autoras Portuguesas anteriores a 1800

É sempre uma surpresa quando descubro um texto de um autor do passado que se pode ler com prazer ainda hoje. É uma surpresa ainda maior quando descubro que o texto é de uma autora! Mesmo em manuscrito. Houve muitas autoras que conseguiram publicar os seus textos, mas foram também muitas (talvez a maioria) que não o conseguiu e apenas deixou obra manuscrita. Infelizmente, muitos manuscritos estão por agora desaparecidos... Espero que um ou outro ainda esteja no fundo de uma caixa de arquivo à espero que algum biblio-arqueólogo o vá desenterrar. Para esta lista excluí autoras cuja produção conhecida se cinge a textos religiosos, ou a apenas um ou dois poemas esparsos, ou a correspondência; excluí as autoras que só são conhecidas porque aparecem com um ou dois poemas em colectâneas, como as no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende.


Maria Clara Junior (Séc. XVIII)
Escritora. [ref1]
- Lindoro e Palmira ou os amantes perseguidos. Novella Portugueza offerecida ás Senhoras Portuguezas por D. Maria Clara Júnior, Lisboa, Impressão Régia, 1817

Joana Margarida Maurícia Ribeiro da Silva (n. c. 1796)
Escritora. [ref1]
- Collecção nova de poesias, Lisboa, na Imprensa Régia, 1812.
- Obra poetica de D. Joanna, etc., em que se descreve a sua vida. Primeira parte, Lisboa, na Imprensa Regia, 1815.
- Poesias lyricas de D. Joanna, etc., Folheto terceiro, Lisboa, na Imprensa Regia, 1820.
- Composições poeticas em elogio a sua magestade o senhor Dom Pedro IV... Lisboa, na Imprensa Regia, 1826.
- Elogio ao Illmo e Exmo Senhor Wellesley, General em Chefe das tropas britânicas, Lisboa, Imprensa Régia, 1813.

Maria da Felicidade do Couto Browne (1795-1861)
Escritora. [ref1]
- A Coruja Trovadora, s. l. s. d. [184?]
- Soror Dolores, Porto, 1849
- Virações da Madrugada, Lisboa, s. n., 1854
- Na partida do cadaver de S. M. Carlos Alberto, 1849
- Colaborou em vários periódicos.

Delfina Benigna da Cunha (1791-1857)
Escritora. [ref1]
- Collecção de várias poesias, dedicadas á Imperatriz Viuva, Rio de Janeiro, Typ. Un. de Laemmert, 1846
- Poesias, Porto Alegre, 1834
- Poesias offerecidas ás senhoras rio-grandenses por sua patricia, etc, Rio de Janeiro, Typ Austral 1838 – Outra edição, ibi, Typ Imperial e Constitucional de J. Villeneuce e Ca, 1838

Maria da Trindade de Portugal Malheiro e Melo Baiana (n. Séc. XVIII, m. Séc. XIX)
Pedagoga. [ref1]
- Conselhos e avisos de uma Mãe a seus filhos escriptos por D. Maria da Trindade de Portugal Malheiro e Melo Baiana, Lisboa, na Off. de Joaquim Thomaz de Aquino Bulhões, 1812

Maria Luiza de Valleré (1761-1823)
- Eloge historique de Guillaume Louis Antoine de Valleré, lu á la scéance publique de l'Academie Royale des Sciences de Lisbonne, le 20 janvier 1798, par François de Borja Garção Stockler secretaire de l'Academie, membre de la Société philosophique de Philadelphie, etc. Publié de nouveau avec des additions et des anecdotes sur sa vie, et la refutation de l'article qui le concerne, inséré dans la "Bibliothèque Britannique" par M.e L.se de Valleré, sa fille, Paris, Firmin Didot, 1808.
- "Epístolas" Poezias d'Elpino Duriense, pp. 114, 170, 177, 191, 203 e 211
- Cartas manuscritas na Biblioteca Nacional de Portugal.

Anna Sylveria de Vasconcelos (Séc. XVIII)
Pedagoga. [ref1]
Escola Nova ou thesouro de meninos, em dialogo entre uma sabia mãe e seu filho, Lisboa, 1786

Jerónima Luisa da Silveira (Séc. XVIII)
Escritora. [ref1]
Nova e verdadeira Historia do Triunfo da Rainha de Volço, onde se trata do firme e honesto Amor de Levina, filha do Rey Latino, Composta por D. Hêronima Luiza da Silveira, Copiada por Antonio Josê de Oliveira aos 24 de Mayo de 1783 (manuscrito na Biblioteca Nacional de Portugal), publicado 2014

Beatriz Brandão (1779-1868)
Beatriz Francisca de Assis Brandão, também assinava como Beatriz de Assis. Escritora e tradutora. [ref1]
- Cantos da mocidade. Volume I. Rio de Janeiro, Typ. de Paula Brito, 1856
- Cartas de Leandro e Hero; extrahidas de uma traducção franceza. Segunda edição. Rio de Janeiro, Typ. e livraria de B. X. P. de Sousa, 1859
- Romances imitados de Gesner. Typ. e livraria de B. X. P. de Sousa (sem data)
- Catão: drama tragico, pelo abbade Pedro Metastasio: traduzido do italiano. Typ. e livraria de B. X. P. de Sousa, 1860
- Lágrimas do Brasil. Poesia em versos hendecassílabos no mausoléu levantado à memória da excelsa rainha de Portugal, dona Estefânia, Rio de Janeiro, 1860.
- As Comendas. Poesias, Rio de Janeiro, s. d.
- Saudação à estátua equestre de S. M. I. o senhor D. Pedro I, fundador do Império do Brasil, Rio de Janeiro, Tip. Paula Brito, 1862.
- Colaborou em vários periódicos.
- Alexandre na India, de Pedro Metastasio, (tradução)
- Semiramis reconhecida, de Pedro Metastasio, tradução, perdida
- José no Egypto, de Pedro Metastasio, tradução, perdida
- Angelica e Medoro, de Pedro Metastasio, tradução, perdida
- Diana e Endemião, de Pedro Metastasio, tradução, perdida
- Sonho de Scipião, de Pedro Metastasio, tradução, perdida
- Dramma per musica á Coroação de S. M. O sr. D. Pedro I, perdida
- Dramma per musica no Nascimento do sr. D. Pedro II, perdida
- Cantata aos annos da imperatriz a sr.ª D. Leopoldina, perdida

Leonor Correia de Sá (1779)
Tradutora de obras francesas, que publicou. [ref1]
- Archambaud e Batilde ou a escrava rainha, Lisboa, Impressão Régia, 1817
- Avisos de uma mãe a seu filho, trad. Marquise de Lambert, Lisboa, Impressão Régia, 1818
- O sítio da Rochella ou o Infortúnio e a Consciência. Novella traduzida do francês, trad. Madame de Genlis, Lisboa, 1808. reed. 1821, 1834
- O sítio da Rochella ou o Infortúnio e a Consciência. Novella traduzida do francês, trad. Madame de Genlis, Lisboa, Typographia de Ant. J. da Rocha, 1842.
- A interessante Agnès, 1830
- A eschola da virtude, 1830
- Os votos temerários ou o entusiasmo, trad. Madame de Genlis, 2 vols., 1819

Joanna Rousseau de Villeneuve (Séc. XVIII)
Pedagoga. [ref1; ref2]
Aia vigilante ou reflexões sobre a educação dos meninos desde a infância até a adolescência, Lisboa, António Vicente da Silva, 1767

Gertrudes Margarida de Jesus (fl. 1761)
Escritora feminista avant la lettre. Autora de papéis volantes. [ref1ref2]
Segunda carta apologetica, em favor, e defensa das mulheres, escrita por Gertrudes Margarida de Jesus, ao irmão Amador do Dezengano, com a qual destroe toda a fabrica do seu Espelho Critico. e se responde ao terceiro defeito, que nelle contemplou. Lisboa : na Officina de Francisco Borges de Sousa, 1761.

Ritta Clara Freyre de Andrade (n. 1758)
Escritora. [ref1]
- Arte Poetica de  Q. Horacio Flaco : Trad. em verso rimado, e dedicada a memoria do grande Augusto por Ritta Clara Freyre de Andrade, Coimbra, Regia Officina da Universidade, 1781

Luiza Todi (1753-1833)
Luiza Rosa de Aguiar; tomou o nome Todi do marido. Cantora lírica. [ref1]
Pollinia, ópera (1784), escrita a meias com o seu marido Francesco Todi.

Leonor de Almeida Portugal (1750-1839)
Dona Leonor de Almeida Portugal, 4.ª marquesa de Alorna, 9.ª condessa de Assumar; condessa de Oyenhausen-Granvensburg; usou os pseudónimos Alcippe, Laura, Lise e Lilia. Escritora e intelectual. [ref1]
- Poética de Horácio e Ensaio sobre a Crítica de Alexandre Pope por uma portugueza, Londres, T. Harper, 1812.
- De Bonaparte e dos Bourbons, Lisboa, Imprensa Régia, 1814
- Paraphrase a vários psalmos, Lisboa, Imprensa Régia, 1817
- Ensaio sobre a indifferença em matéria de religião, Lisboa, Imprensa Régia, 1820
- Paraphrase dos Psalmos, tomo I, Lisboa, Imprensa Régia, 1833
Obras poeticas de D. Leonor d'Almeida, etc., conhecida entre os poetas portugueses pelo nome de Alcippe. Lisboa, 1844, com o retrato da autora. Seis volumes.

Catharina de Lencastre (1749-1824)
Dona Catharina Michaela de Souza Cesar de Lencastre, viscondessa de Balsemão; usou os pseudónimos NatherciaCarinthia, Célia. Poetisa. [ref1ref2]
- "Carinthia a Mirtillo" (Ode). Dirigida a Luís Raphael Soyé in: Luiz Rafael SOYÉ, Sonho. Poema erótico, Lisboa, na Off. de Francisco Luiz Ameno, 1786, p. VI
- «Acorda, acorda agora do pesado somno» (Ode)  in.: Luiz Rafael SOYÉ, Sonho. Poema erótico, Lisboa, na Off. de Francisco Luiz Ameno, 1786, p. lV
- "Ode ao Marquez de Pombal Sebastião José de Carvalho e Mello", Collecção de Poesias inéditas dos melhores Auctores Portuguezes, Lisboa : Imp. Regia, 1809-1811 (2 vols)
- Sonetos (“Inda existe, cruel, inda em meu peito” e “Vendo amor que há muito tempo” in Miscellanea Poetica – Jornal de Poesias Ineditas, Porto: Na Loja de F. G. da Fonseca, Livreiro e Editor, 1851. Vol 5, 30 Janeiro 1851
- Soneto, feito pouco depois de receber o sagrado viático, Porto, 1824.
- Poesias copiadas em 1793 pelo seu criado Henrique Corrêa. BPMP: MSS 1075
- Apologia das obras novamente publicadas por Francisco Manuel em Paris (impressa, desaparecida)
- Cora e Alonso, ou a Virgem do Sol. Drama em três actos (impresso, desaparecido)
- Fabulas, Colecção de Apologos (impressas, desaparecidas)
- Imitação d’ As Solidões, Poema em dois cantos, do Barão de Cronegk, tradução feita sobre a versão francesa de Huber (impressa, desaparecida)

Francisca de Chantal Álvares (1745-18??)
Soror Anna Ignacia do Coração de Jesus, freira salesiana. [ref1]
- Breve compêndio de Gramática Portugueza para uso das meninas que se educam no Mosteiro da Vizitação de Lisboa, por uma religiosa do mesmo mosteiro, Lisboa, Off.  de António Rodrigues Galhardo, 1786

Theresa de Mello Breyner (n. 1739)
Dona Theresa Josefa de Mello Breyner, condesa do Vimieiro; usou os pseudónimos Tirse, Tirceia. Escritora. [ref1; ref2; ref3; ref4]
- Osmia. Tragédia de assunto portuguez em tres actos, Lisboa, Academia Real das Ciências, 1835
- Osmia Trauerspiel, gekrönt von der Lissaboner Academie der Künste und Wissenschaften aus der Portugiesisch übersetzt von einem Freunde dieser Literatur nebst vorangehender Geschichte der dramatischen Kunst in Portugal, Halberstadt, H. Bogler, 1824.
- Idea de hum Elogio Historico de Maria Thereza Archiduqueza de Austria escrita em Portuguez por M. M***, Lisboa, Francisco Luiz Ameno, 1781, trad. Marie Caroline Murray

Theresa Margarida da Silva e Orta (1711-1793)
Dona Theresa Margarida da Silva e Orta; usou o pseudónimo Dorothea Engrassia Tavareda Dalmira, anagrama perfeito do seu nome (incluindo Dona). [ref1]
- A sua única obra conhecida e publicada foi Aventuras de Diofanes, que teve 3 edições em vida da autora. Na 3.ª edição, de 1790, o frontispício atribui a obra a Alexandre de Gusmão não se sabe porquê. Uma 4.ª edição já após a morte da autora deixa cair os nomes e atribui apenas a obra a "huma Senhora Portuguesa".
-- 1.ª ed. Maximas de Virtude, e Formosura, com que Diofanes, Clymenea, e Hemirena, Principes de Thebas, Vencêrão os mais apertados lances da desgraça, por Dorothea Engrassia Tavareda Dalmira, Lisboa, Officina Miguel Manescal da Costa, 1752.
-- 2.ª ed. Aventuras de Diofanes, ou Maximas de Virtude, e Formosura, com que Diofanes, Clymenea, e Hemirena, Principes de Thebas, Vencêrão os mais apertados lances da desgraça, por Dorothea Engrassia Tavareda Dalmira, Lisboa, Régia Officina Tipográfica, 1777
-- 3.ª ed. Aventuras de Diofanes, imitando o Sapientissimo Fenelon na sua Viagem de Telemaco, por Dorothea Engrassia Tavareda Dalmira. Seu verdadeiro author Alexandre de Gusmão, Lisboa, Régia Officina Tipográfica, 1790
-- 4.ª ed. Historia de Diofanes, Clymenea e Hemirena, Principes de Thebas. Historia Moral escrita por huma Senhora Portugueza, Lisboa, Typographia Rollandiana, 1818

Marianna de Abreu (n. entre 1704 e 1706, m. entre 1721 e 1723)
Escritora. Nascida em Abrantes. A sua obra, manuscrita e nunca publicada, está desaparecida. [ref1; ref2]
- Catálogo de Varões insignes em armas até o tempo de D. João de Castro
- Philosofia Moral
- Rhetorica Moderna

Paula da Graça (n. Séc. XVII, m. Séc. XVIII)
Escritora feminista avant la lettre. Autora de papéis volantes. [ref1; ref2]
- Bondade das Mulheres Vendicada e Malícia dos Homens Manifesta, Lisboa, Officina de Bernardo da Costa Carvalho, 1715
-- Bondade das Mulheres Vendicada e Malícia dos Homens Manifesta, Lisboa, Pedro Ferreira, 1741
-- Bondade das Mulheres Vendicada e Malícia dos Homens Manifesta, Lisboa, Pedro Ferreira,1743
-- Bondade das Mulheres Vendicada e Malícia dos Homens Manifesta,Lisboa, António Gomes, 1793.

Mónica Joaquina Josefa (n. Séc. XVII, m. Séc. XVIII)
Escritora. Deixou obra manuscrita. [ref1]
- Elegia á felicissima chegada da Serenissima Princeza de Castella a Portugal no anno de 1728, poesia (manuscrito).
- Roma illustrada, ou discrição de Roma antiga, e moderna, poesia (manuscrito).
- Virgilio defendido, e Homero acusado, poesia (manuscrito).

Rita Joana de Sousa (1695-1719)
Escritora, cuja obra nunca publicada está desaparecida.[ref1]
- Poesia (apud MACHADO)
- Vários tratados de Filosofia moral (apud PERYM)

Joana Josefa de Menezes (1651-1709)
Dona Joana Josefa de Meneses, condessa da Ericeira; usou os pseudónimos Aonia (anagrama de Joana ou Ioana) e Apolinário de Almada. Escritora. [ref1]
- [Apolinario de Almada pseud.] Despertador del alma al Sueño de la Vida: en voz de un advertido desengano, Lisboa, Manuel Lopes Ferreira, 1695.
- TRADUÇÃO Panegyrico ao Governo da Serenissima Senhora Duqueza de Saboya. Lisboa, Na Officina de Joaõ Galraõ Familiar do S. Officio, Anno de 1680 [apud Innocencio Francisco da Silva: Traduzido por Joana Josefa de Menezes]
- TRADUÇÃO Reflexões sobre a Mizericórdia de Deos em forma de solilóquios, por uma pecadora arrependida, Lisboa, Miguel Deslandes, 1694 [Dedicatória e prólogo da tradutora]
- Vasta obra poética, dramática e de tradução, nunca publicada, cujos manuscritos estão desaparecidos.

Mariana Alcoforado (1640-1728)
Soror Mariana Alcoforado, O.S.C. Suposta autora das famosas e estilìsticamente influentes Cartas Portuguesas. [ref1; ref2]
Lettres Portvgaises Tradvites en François, A Paris, Chez Clavde Barbin, 1669.

Joana Margarida de Castro (1634-1714)
Escritora. [ref1]
- Poesias líricas, morais, heróicas e afectivas, 1734 (apud FLORES et alii)
- Poesias várias em manuscrito, desaparecidas.

Agostinha Barbosa da Silva (m. 1674)
Usou o pseudónimo Pedro de Albornoz. Escritora. [ref1]
- Tractado de Architectura, e Arithmetica, (pseud. Pedro de Albornoz), impresso em Castela.
- Vidas dos cinco primeiros reis de Portugal (manuscrito)

Leonor de Menezes (c. 1630-1664)
Dona Leonor de Meneses, condessa da Atouguia; usou o pseudónimo Laura Mauricia. Autora de uma importante novela corta barroca, que escreveu em castelhano. [ref1; ref2]
- El desdeñado mas firme, Lisboa, 1665.

Ignacia Xavier (m. 1647)
Médica e intelectual. Diz Barbosa Machado: "huma das mulheres mais doutas, que floreceo no seculo passado. Foy perita na Rhetorica, Filosofia, Mathematica, Medecina, e na liçaõ da Historia." [ref1]
- Arte de Bem fallar (manuscrito desaparecido)
- Vida de huma Veneravel Matrona sua contemporanea (manuscrito desaparecido)
- Livro sobre as antiguidades de Braga (manuscrito desaparecido)

Mariana de Luna (Séc. XVII)
Escritora. [ref1]
- Ramilhete de Flores à felicidade deste Reino na sua milagrosa restauração por sua Magestade D. João IV de nome, e XVIII em numero dos verdadeiros reis portugueses, Lisboa, por Domingos Lopes Rosa, 1642

Angela de Azevedo (Séc. XVII)
Escritora. Deixou obra manuscrita existente. [ref1]
- La Margarita dal Tajo que diò nombre a Santarem, (comédia)
- El muerto dissimulado, (comédia)
- Dicha, y desdicha del juego, y devoción de la Virgen, (comédia)

Bernarda Ferreira de Lacerda (1595-1646)
Escritora. [ref1]
- Soledades de Buçaco, Lisboa, por Mathias Rodrigues 1634.
- Hespaña Libertada, 1.ª Parte, Lisboa, Of. Pedro Crasbeeck, 1618. (2ª Parte, Lisboa, João da Costa, 1673)
- Soneto em Varias poesias de Pavlo Gonçalvez d’Andrada, Lisboa, Matteus Pinheiro, 1629
- "Soneto Português em louvor da Ulissea de Gabriel Pereira de Castro" e 12 oitavas-Argumentos antes de cada canto in.: Gabriel Pereira de Castro, Vlissea ou Lysboa Edificada, 1630
- "Ritmo Latino", "Cinco Décimas Portuguesas", "Argumentos" in.: Francisco de Sá de Menezes, Malaca Conquistada, Lisboa, Mathias Rodrigues, 1634
- Cazador del Cielo (apud REMÉDIOS, 1914, p. VIII)
- Comedia de S. Eustachio (apud REMÉDIOS, 1914, p. VIII)
- Dos Christãos de Saõ Thome ou Prestes Joaõ
- Diálogos
- Cançaõ à morte de Lope de Vega Carpio, Poeta
- «Ao Autor» (“Colhedo gentil copia de boninas”) (apud ANDRADA, Miguel Leitão de, Miscellanea, Lisboa, Imprensa Nacional, 1867, p. XIII).
- Várias obras hoje desaparecidas, incluindo um volume de comédias.

Tomásia Nunes (m. 1644)
Escritora, cuja obra, manuscrita nunca publicada, está desaparecida. [ref1]
- Ideias Singularissimas (manuscrito)
- Nova Arte de bem fallar (manuscrito)

Antonia de Rojas ou  Roxas (Sécs. XVI-XVII, n. antes de 1580)
Deixou obra manuscrita, nunca publicada. Barbosa Machado menciona-a na Bibliotheca Lusitana. [ref1]
- Intervallo de tristes (Alívio de Tristes apud Barbosa Machado)
- Historias fabulosas em prosa Portugueza, misturada com versos
- Processo da vida e morte de huma amante
- Principio das amargas tragedias da Autora em doze, que chama scenas, prosa e verso Portuguezes
- Tragedia lastimosa de Dona Antonia de Rojas na morte de seu unico filho prosa, e versos, oitavas, sonetos, e outros versos Divinos e Humanos
- Origem authentica de Nossa Senhora de Monserrate traduzida de prosa e verso
- Egloga Pastoril (apud Barbosa Machado)
- Diversas canções e glosas sagradas e profanas (apud Barbosa Machado)

Leonor Coutinho (c. 1575-16??)
Dona Leonor Coutinho, condessa da Vidigueira. Escritora. [ref1ref2]
- Chronica do Emperador Belliandro, em que se dá conta das obras maravilhosas dos vallerozos acontecimentos, que no seu tempo obrou o Príncipe Bellifloro seu filho, e de Dom Bellindo, príncipe de Portugal, e outros muitos cavalleiros (manuscrito).
-- Crónica do Imperador Beliandro, Livro I (Primera Parte), Biblioteca do Museu Nacional de Arqueologia de Belém (Lisboa), cód. 47.
-- Crónica do Imperador Beliandro, Livro III (segunda mitad de la Segunda Parte), Biblioteca do Museu Nacio­nal de Arqueologia de Belém (Lisboa), cód. 48.
-- Crónica do Imperador Beliandro, Primera y Segunda Parte, Biblioteca do Museu Nacional de Arqueologia de Belém (Lisboa), cód. 81.

Brigida de Alarcão (1572-1622)
Escritora. [ref1]
- Vida, Acções e Morte da Famigerada Judite (manuscrito)
- Vida e Morte do Famoso Sansão (manuscrito)

Publia Hortensia de Castro (1548-1595)
Humanista. Não deixou nada publicado e as seus manuscritos estão desaparecidos. [ref1]
- Psalmos pela victoria e felicidade do Senhor D. Duarte e declaração dos Ditos Psalmos (apud MACHADO o manuscrito conservava-se na Biblioteca Real)
- Flosculus Theologicalis
- Poezias Várias Latinas e Portuguezas
- Cartas Latinas e Portuguezas a várias pessoas

Joana Vaz (Séc. XVI)
Tradutora e humanista. [ref1]
- Várias traduções de textos latinos, que estão desaparecidas.

Isabel de Castro e Andrade (1530-1595)
Poetisa e comentadora de Camões. Defendeu tese em Filosofia diante dos teólogos do convento do Varatojo. [ref1]
- «Muitos versos que, diz Barbosa Machado, fariam um bom volume. Tudo se deve ter perdido com o incêndio do solar da Anunciada no terramoto (...) Dois sonetos que se salvaram são de gosto camoniano» (JHS, Vida ignorada, p. 101).

Luiza Sigeia (n. c. 1520 ou 1530, m. 1560 ou 1569 ou 1570)
Aloysia Sygaea Toletana. Humanista. Usou pseudónimos Christiana CynthiaDecima Musa. [ref1]
- Duarum Virginum Colloquium - Dialogum de Differentia vitae rusticae, & urbanae - Dialogue de Deux Jeunes Filles sur la vie decour et la vie de retraite, Paris: PUF/ Fundation Calouste Gulbenkian, 1970.
- Vinte e Três Epistolas Latinas
- Versos - POETICA
- Carta ao Pontífice Paulo IV, em cinco línguas; parcialmente e integralmente citada em Silvestre Ribeiro, Luiza Sigéa, pg. 8 e 25-26 respectivamente
- Cartas várias publicadas.

Joana da Gama (c. 1520-1586)
Escritora. [ref1]
- Dictos diversos postos por ordem de Alfabeto com mais algumas Trovas, Vilhancicos, Sonetos, Cantigas e Romances em que se contem sentenças, e avisos notáveis, Évora, André de Burgos, 1555.

Paula Vicente (1519-1576)
Escritora, editora, atriz e música. Filha de Gil Vicente. [Lopes de Oliveira, p. 200]
Arte de Língua Inglesa e Holandesa para instrução dos seus Naturais
- Várias comédias.

Leonor de Noronha (1488-1563)
Dona Leonor de Noronha. Escritora. [ref1; ref2]
- Coronica geral de Marco António Cocio Sabelico Des ho começo do mundo ate nosso tempo, Coimbra, João de Barreira & João Álvares, 1550
- Este livro he o começo da historea de nossa redençam que se fez pêra consolação dos que nam sabem latim; pede ho autor della aos leitores que se nella acharem lhe digam por amor de deos hu pater noster polla alma, Lisboa, Germão Galharde, 1552
- Coronica geral da eneyda segunda de Marco António Cocio Sabelico des ho começo do mundo ate o nosso tempo, Coimbra, João de Barreira e João Álvares, 1553
Esta he a segunda parte da historia de nossa redenção: que se fez pêra consolaçam dos que não sabem latim. Coimbra, João de Barreira, 1554


Bibliografia Geral
[ ] http://www.escritoras-em-portugues.eu/
[ ] https://debategraph.org/Details.aspx?nid=133376
[ ] Américo Lopes de Oliveira (1983) Escritoras Brasileiras, Galegas e Portuguesas. Braga: Tip. Silva Pereira.
[ ] Américo Lopes de Oliveira e Mário Gonçalves Viana (1967) Dicionário Mundial de Mulheres Notáveis. Porto: Lello & Irmão.
[ ] Vanda Anastácio (2013) Uma antologia improvável: a escrita das mulheres (séculos XVI a XVIII). Lisboa: Relógio D'Água. ISBN: 978-989-641358-3 [recensão1; recensão2]

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Heſpaña Libertada, Parte Primera, Canto Primero


5.
Y tu mi patrio reyno Luſitano,                       [ſ = s, o chamado "s longo"]
Que de muchos de Europa eres corona,
Si por eſcreuir eſto en Caſtellano                  [u com valor de v, "escrevir"]
He dexado tu lengua me perdona;
Que es el origen de la hiſtoria Hiſpano,
Y quiero que mi Muſa, pues la entona
Tambien a lo Heſpañol vaya veſtida,
Para ſer mas vulgar, y conocida.

6.
Confieſſo de tu lengua que merece
Mejor lugar deſpues de la Latina,
Con que en muchas palabras ſe parece,
Y es como ella de toda hiſtoria dina.              [dina = digna]
Empero el ſer tan buena la eſcurece;
Y aſsi la eſtraña gente nunca atina
Con ſu pronunciacion, y dulces modos,
Y la Heſpañola es facil para todos.

7.
Por eſſo eſcrivo en ella aqueſta hiſtoria,
Deſſeando que de muchos viſta ſea,
(...)


Dona Bernarda Ferreira de Lacerda (1595-1646), autora portuguesa do poema épico Hespaña Libertada, escrito na língua castelã, mas publicado em Lisboa no ano de 1618. Nestas estrofes 5, 6 e 7 do canto primeiro da primeira parte, a autora desculpa-se e justifica-se por não usar a língua portuguesa!

quinta-feira, 18 de junho de 2020

Cientistas Portugueses anteriores a 1900

Isto é simplesmente uma lista de nomes, que está sujeita a expansão à medida que eu vou lendo e descobrindo novos personagens do passado. O critério do que é (ou do que foi) "um cientista" ou do que eu considero que seja "um cientista", puramente para efeitos desta lista, também está sujeito a modificação. Portanto, este post está sujeito a edição futura (bom, quase todos os meus posts estão), mas já esteve tanto tempo em estado de esboço que está na altura de o publicar.

Pedro Hispano Portucalense (c. 1205-1277), médico
Duarte Pacheco Pereira (1460-1533), cosmógrafo
Tomé Pires (c. 1465-1540), boticário
Simão Álvares (fl. 1509-1547), boticário
Dom João de Castro (1500-1548), geógrafo
Garcia de Orta (c. 1501-1568), botânico
Pedro Nunes (c. 1502-1578), matemático
João Rodrigues [Amato Lusitano] (1511-1568), médico
Cristóvão da Costa [Cristóbal Acosta] (1515-1594), botânico
Tomás de Orta (15??-1594), matemático
Pêro de Magalhães Gândavo (c. 1540-c. 1580), naturalista
Gabriel Soares de Sousa (c. 1540-1591), naturalista
André de Avelar (1546-c. 1623), matemático
João Baptista Lavanha (c. 1550-1624), matemático
Francisco Sanches (1551-1623), filósofo da Ciência
Pedro Teixeira (1570-1641), explorador
Abraão Zacuto Lusitano (1575-1642), médico
Vicente Nogueira (1586-1654), bibliófilo
António Carvalho da Costa (1650-1715), astrónomo
Luís Gonzaga (1666-1747), matemático
Inácio Vieira (1678-1732), filósofo da Ciência
Bartolomeu Lourenço de Gusmão, S.I. (1685-1724)
Jacob de Castro Sarmento (1691?-1762), médico
António Nunes Ribeiro Sanches (1699-1783), médico
Bento de Moura Portugal (1702-1776), físico
António Vieira (1703-1768), filósofo da Ciência
João de Loureiro, S.I. (1710 ou 1717-1791), botânico
Sebastião de Abreu (1713-1792), matemático
João Mendes Sachetti Barbosa (1714-1774), médico
Teodoro de Almeida (1722-1804), filósofo da Ciência
Inácio Monteiro (1724-1812), físico
Manuel Constâncio (1726-1817), médico
Félix de Avelar Brotero (1744-1828), botânico
Abade José Francisco Correia da Serra (1750-1823), polimata
Leonor de Almeida Portugal (1750-1839), botânica
Manuel Arruda da Câmara (1752-1810), naturalista
Francisco José de Lacerda e Almeida (1753-1798), explorador
Alexandre Rodrigues Ferreira (1756-1815), naturalista
Francisco de Borja Garção Stockler (1759-1829), matemático
Tomé Rodrigues Sobral (1759-1829), químico
João da Silva Feijó (1760-1824), naturalista
José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838), mineralogista
Vicente Coelho de Seabra Silva Teles (1764-1804), químico
Bernardino António Gomes (1768-1823), botânico
Teodoro Ferreira de Aguiar (1769-1827), cirurgião
Alexandre António Vandelli (1784-1862), químico (filho de Domenico)
Bernardino António Gomes, filho (1806-1877), médico
António da Costa Paiva (1806-1879), botânico
António Borges da Câmara de Medeiros (1812-1879), botânico
José do Canto (1820-1898), botânico
José António Marques (1822-1884), higienista
José Vicente Barbosa du Bocage (1823-1907), zoólogo
António de Carvalho Coutinho e Vasconcellos (1827-1873)
Augusto Luso da Silva (1827-1902), naturalista
Carlos Maria Gomes Machado (1828-1901), naturalista
Joaquim Pinheiro de Azevedo Leite Pereira (1829-1918), viticultor
José Alberto de Oliveira Anchieta (1832-1897), botânico
Roberto Duarte Silva (1837-1889), químico
Francisco Manuel de Melo Breyner (1837-1903), botânico
Júlio Augusto Henriques (1838-1928), botânico
Bernardino António de Barros Gomes (1839-1910), silvicultor
Joaquim dos Santos e Silva (1842-1906), químico
Adolfo Frederico Möller (1842-1920), botânico
José Tomás Sousa Martins (1843-1897), médico
Adriano de Paiva de Faria Leite Brandão (1847-1907), físico
António Xavier Pereira Coutinho (1851-1939), botânico
José António Serrano (1851-1904), anatomista
Bernardino Luís Machado Guimarães (1851-1944), antropólogo
António Joaquim Ferreira da Silva (1853-1923), químico
Francisco de Arruda Furtado (1854-1887), naturalista
Júlio de Matos (1856-1922), psiquiatra
Alfredo Bensaúde (1856-1941), mineralogista
Francisco Afonso Chaves e Melo (1857-1926), naturalista
Ricardo de Almeida Jorge (1858-1939), higienista
Bento de Sousa Carqueja (1860-1935), naturalista
Eduardo Henrique Vieira Coelho de Sequeira (1861-1914), naturalista
Carlos I, Rei de Portugal (1863-1908), oceanógrafo
Aarão Ferreira de Lacerda (1863-1921), zoólogo
Luís da Câmara Pestana (1863-1899), higienista
Francis[co] Xavier Oakley de Aguiar Newton (1864-1909), naturalista
Gonçalo António da Silva Ferreira Sampaio (1865-1937), botânico
Augusto Pereira Nobre (1865-46), zoólogo
Rui Teles Palhinha (1871-1957), botânico
Alfredo da Silva Sampaio (1872-1918), naturalista
Manuel Pio Correia (1874-1934), botânico
António Caetano de Abreu Freire Egas Moniz (1874-1955), médico
J. V. Gonçalves de Sousa (fl. 1875-1917), geneticista
Mark Anahory Athias (1875-1946), histologista
Manuel Ernesto Ferreira (1880-1943), naturalista
Augusto Pires Celestino da Costa (1884-1956), histologista
Mário de Azevedo Gomes (1885-1965), silvicultor
Luís Wittnich Carrisso (1886-1937), botânico
Artur Ricardo Jorge (1886-1974), médico
Pedro Roberto da Silva Chaves (1887-1951), histologista
José Agostinho (1888-1978), meteorologista
Abel de Lima Salazar (1889-1946), histologista
Francisco de Ascensão Mendonça (1889-1982), botânico
Matilde Bensaude (1890-1969), botânica
Armando Frederico Zuzarte Cortesão (1891-1977), geneticista
Aurélio Pereira da Silva Quintanilha (1892-1987), botânico

~ Não-portugueses ligados a Portugal ~
Abraão ben Samuel Zacuto (c. 1450-c. 1522), astrónomo
Charles de l'Écluse [Carolus Clusius ou Carlos Clúsio] (1525-1609)
Christophorus Clavius (1537 ou 1537-1612), matemático
Christophorus Grienberger (1561-1636), físico
Giovanni Paolo Lembo (c. 1570-1618), físico
Domenico Agostino Vandelli [Domingos V.] (1735-1816), naturalista
Matteo Ricci (1552-1610), matemático
Giovanni Antonio Dalla Bella (c. 1730-c. 1823), naturalista
Pedro Folque (1744-1848), geógrafo
Johann Centurius Hoffmann von Hoffmannsegg (1766-1849), botânico
Johann Heinrich Friedrich Link (1767-1851), botânico
Étienne Geoffroy Saint-Hilaire (1772-1844), naturalista
Georg Heinrich von Langsdorff (1774-1852), naturalista
Wilhelm Ludwig von Eschwege (1777-1855), geólogo
Friedrich Ludwig Wilhelm Varnhagen (1783-1842), engenheiro
Friedrich Martin Josef Welwitsch (1806-1872), botânico
Johan Martin Christian Lange (1818-1898), botânico
Heinrich Moritz Willkomm (1821-1895), botânico
Edmund Goeze (1838-1929), botânico
Alberto I, Príncipe do Mónaco (1848-1922), oceanógrafo
Jules Alexandre Daveau (1852-1929), botânico
Charles Lepierre (1867-1945), químico

Bibliografia Geral
[ ] Rómulo de Carvalho, A História Natural em Portugal no Século XVIII, ICLP, 1987
[ ] Carlos Fiolhais e Décio Martins, Breve História da Ciência em Portugal, Imprensa da Universidade de Coimbra, 2010, ISBN 978-989-260043-7
[ ] Carlos Fiolhais, A Ciência em Portugal, Ensaios da Fundação Nº 10, FFMS e Relógio d'Água, 2011, ISBN 978-989-742414-3
[ ] Carlos Fiolhais, História da Ciência em Portugal, Arranha Céus, 2013, ISBN 978-989-980564-4
[ ] Luís Miguel Bernardo, Cultura Científica em Portugal – Uma Perspectiva Histórica, U. Porto Editorial, 2013, ISBN 978-989-746020-3
[ ] Armando Vieira e Carlos Fiolhais, Ciência e Tecnologia em Portugal, FFMS, 2015, ISBN 978-989-866294-1
[ ] Obras de Henrique Leitão e do CIUHCT, ref1, ref2, ref3.

segunda-feira, 15 de junho de 2020

História da Filosofia, com as escolas e os filósofos

Uma magnífica infografia da História da Filosofia (Ocidental), onde estão mencionados três dos maiores filósofos portugueses de sempre: Isaac Abravanel, Francisco Sanches e Pedro da Fonseca.
History of Philosophy
Source: SuperScholar.org/

domingo, 14 de junho de 2020

Filósofos Portugueses dos Séculos XIX e XX

Vou listar aqui, apenas para nota pessoal (que pode ser útil aos internautas), os 75 nomes que aparecem no livro de António Braz Teixeira, O essencial sobre a Filosofia Portuguesa (Sécs. XIX e XX), Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 2008. Escrevo ainda algumas notas avulsas sobre esse texto no fim deste post.

Teodoro de Almeida (1722-1804)
António Soares Barbosa (1734-1801)
Joaquim José Rodrigues de Brito (1753-1831)
José Agostinho de Macedo (1761-1831)
Silvestre Pinheiro Ferreira (1769-1846)
Vicente Ferrer Neto Paiva (1798-1886)
Joaquim Maria Rodrigues de Brito (1822-1873)
Pedro Amorim Viana (1822-1901)
Joaquim Maria da Silva (1830-1915)
Cunha Seixas (1836-1895)
Manuel Emídio Garcia (1838-1904)
[Tobias Barreto (1839-1889), brasileiro]
Antero de Quental (1842-1891)
Teófilo Braga (1843-1924)
Guerra Junqueiro (1850-1923)
Miguel Bombarda (1851-1910)
Basílio Teles (1856-1923)
Teixeira Bastos (1857-1902)
Sampaio Bruno (1857-1915)
Júlio de Matos (1857-1923)
Domingos Tarroso (1860-1933)
Raúl Brandão (1867-1930)
Teixeira de Pascoaes (1877-1952)
Teixeira Rego (1881-1934)
Leonardo Coimbra (1883-1936)
António Sérgio (1883-1969)
Raúl Proença (1884-1941)
Raúl Leal (1886-1964)
Fernando Pessoa (1888-1935)
Vieira de Almeida (1888-1962)
L. Cabral de Moncada (1888-1974)
Abel Salazar (1889-1946)
Fidelino de Figueiredo (1889-1967)
Aarão de Lacerda (1890-1947)
Joaquim de Carvalho (1892-1958)
Newton de Macedo (1894-1944)
Cassiano Abranches (1896-1983)
Augusto Saraiva (1900-1975)
Sant'Anna Dionísio (1902-1991)
José Marinho (1904-1975)
Álvaro Ribeiro (1905-1981)
José Brandão (1906-1984)
Agostinho da Silva (1906-1994)
Delfim Santos (1907-1966)
António Dias de Magalhães (1907-1972)
F. Cunha Leão (1907-1974)
Diamantino Martins (1909-1979)
Eudoro de Sousa (1911-1987)
Edmundo Curvelo (1913-1955)
Arnaldo Miranda Barbosa (1916-1973)
Vergílio Ferreira (1916-1996)
José Bacelar e Oliveira (1916-1999)
Dalila Pereira da Costa (1918-2012)
Afonso Botelho (1919-1996)
Júlio Fragata (1920-1985)
Orlando Vitorino (1922-2003)
Gustavo de Fraga (1922-2003)
Alexandre Fradique Morujão (1922-2009)
António Quadros (1923-1993)
Eduardo Lourenço (n. 1923)
Maria Manuela Saraiva (1924-1995)
José Enes (n. 1924)
João Baptista Machado (1927-1991)
Eduardo Abranches de Soveral (1927-2003)
António Telmo (1927-2010)
António José de Brito (n. 1927)
João Ferreira (n. 1927)
A. Castanheira Neves (n. 1929)
Fernando Gil (1937-2006)
Jesué Pinharanda Gomes (1939-2019)
Mário Sottomayor Cardia (1941-2006)
[Andrés Torres Queiruga (n. 1941), galego]
António Cândido Franco (n. 1956)
Paulo Borges (n. 1958)
Manuel Cândido Pimentel (n. 1961)

Sendo um competente guia de consulta para os iniciados (aprendi muito, só tenho a agradeço ao autor o esforço), esse texto está porém pejado de -ismos e -istas, o que torna a leitura difícil para quem, como eu, não conheça o significado preciso de cada um dos conceitos e nos exatos contextos em que são usados!

E cito: sensismo setecentista, criticismo kantiano, utilitarista, racionalismo espiritualista, krausista, cristianismo, criacionismo, saudosismo, empirismo sensista, ecletismo sensista, sensualista, idealismo, anti-idealismo, utilitarismo ético, inatismo leibniziano, providencialista, optimista, dualismo, imanentismo, emanatismo, teísmo, deísmo, pantiteísmo, panteísmo, panenteísmo, ateísmo ético e cientificista, monismo evolucionista e materialista, monismo panteísta, evolucionismo materialista, mecanicista, agnosticismo, retornismo, paganismo, espiritualismo, idealismo alemão, positivismo comtiano, materialismo, atomismo, legalista, universalista, realista ou ideo-racionalista, ideo-realista, pluralismo monadológico, ordinalismo teleológico, ontocosmologia panteísta, teodiceia, metafísica pessimista, pluralismo ontológico, espiritualismo ético, egoísmo, historicismo, naturalista, cosmologia evolucionista, reintegracionista, monismo dinâmico, dinamismo, idealismo ético anteriano, dualismo criacionista, silogismo, optimismo cristão, criacionismo leonardino, transformismo evolutivo, idealismo sergiano, voluntarismo, intelectualismo sergiano, idealismo racionalista, determinista, positivismo lógico, neopositivismo, neokantismo, nacionalismo, neoliberalismo, tomista, tridimensionalismo, neo-utilitarismo...

Talvez seja útil saber que tais palavras existem para depois as ir procurar num dicionário, num compêndio de termos filosóficos ou numa enciclopédia universal, mas ainda assim, num livro que busca mostrar «o essencial», parece-me excessivo.

Três notas, que são, no fundo, a mesma. Têm a ver com a noção de evolução, que parece ser usada na Filosofia com uma definição completamente diferente da que tem na Biologia, e eu isso não sabia. Um excerto do texto:

Deste modo, a evolução deveria ser compreendida como ascensão dos seres à liberdade, (...) sendo o progresso a lei da evolução, esta não poderá deixar de ter um sentido ético, de tender para a criação de uma ordem racional (...). Para Antero, o bem constituiria o momento final da evolução do ser (...) etc.
pp. 34-35 

Ora esta evolução que progride até o momento final é aberrante em termos biológicos! A única coisa que tem em comum com o conceito de evolução biológica é o nome! A evolução dos seres vivos ocorre por alteração da frequência de traços numa população que se reproduz ao longo do tempo: não ocorre por progressão desses traços de um patamar para outro sucessivamente até um determinado patamar superior! Suspeito que Antero tenha sido mais uma vítima da interpretação errada que Spencer fez da teoria darwiniana, dando-lhe laivos positivistas que ela não tinha. Outro excerto:

Teófilo Braga e os seus mais directos colaboradores (...) procediam à divulgação da doutrina positivista (na versão pessoal e heterodoxa de Teófilo) entre 1878 e 1887. Teófilo, entendendo ser necessário rever e actualizar a doutrina comtiana, acabou por convertê-la numa metafísica monista, materialista, mecanicista e evolucionista que veio a enformar e dominar o ensino público e a constituir o principal substrato ideológico do Partido Republicano. Domingos Tarroso (1881) critica a "epidemia positivista", em especial a sua gnosiologia e o seu modo de conceber a natureza da filosofia e a relação entre filosofia e ciência.
pp. 37-38

Interessa-me saber que alguém (Tarroso) criticou o positivismo, mas fico na dúvida sobre afinal que raio de positivismo é que ele criticou, se Teófilo o converteu numa coisa completamente diferente a que pôs o nome de positivismo! E aquela metafísica evolucionista o que é? Mais umas coisas a progredir de patamar em patamar? Outro excerto ainda:

Era neste singular conceito de criação que radicava o evolucionismo de Pascoaes, segundo o qual sucessivas revelações forçadas da alma, que, sendo excedência de uma forma viva e mais antiga pelo corpo, é criadora e reveladora de Deus, que, por seu intermédio, de criador material se torna criatura espiritual. 
p. 56

Lá está outra vez a noção de "sucessão evolutiva", whatever that may be. Ficamos, portanto, a saber que Antero, Teófilo e Pascoaes, três pensadores ditos evolucionistas, nada conheciam de evolução biológica a não ser o nome.

Para terminar, anoto o meu espanto ao descobrir que a noção de Filosofia Portuguesa não é paralela à que eu tenho de Ciência Portuguesa. [NB ver também a postagem de 28/02/2024]

Para mim, e talvez porque eu venha de uma área científica, a Ciência Portuguesa é a ciência que é feita em Portugal, por cientistas portugueses ou estrangeiros, ou mesmo a que é feita no estrangeiro por cientistas portugueses; mas é a mesma Ciência que é feita na Finlândia, na Indonésia ou em qualquer parte do mundo. E se não o fosse nem seria Ciência, porque a Ciência é universal. A Ciência Portuguesa é apenas o ramo português desse universo supranacional (ou anacional) e não pode ser diferente dos outros ramos. É a CIÊNCIA PORTUGUESA.

A Filosofia Portuguesa parece ser exatamente o oposto: um esforço para tornar a Filosofia que se faz em Portugal e/ou por filósofos portugueses (estarão os estrangeiros excluídos por princípio?) o mais diferente possível da que se faz na Finlândia, na Indonésia ou em qualquer outra parte do mundo! Não parece existir um objectivo de contribuir para algo maior, universal e aberto; pelo contrário, procura-se o que exista de mais ímpar, local e fechado. Excluindo todo o resto: o que não é português não interessa. É a FILOSOFIA PORTUGUESA.

Parece que, desde os anos 1980, a Filosofia Portuguesa faz uma concessão a uma filosofia estrangeira, a Filosofia Brasileira, na tentativa de atingir uma Filosofia Luso-Brasileira. Não me parece uma grande mudança na noção que enfatiza o adjectivo e não o substantivo. Fica um clube maior, mas continua um clube fechado. Espero estar enganado e que alguém me corrija.

sábado, 13 de junho de 2020

Ter opinião

Recorte de jornal partilhado por Jorge Reis-Sá no Facebook a 12 de Junho de 2020.

domingo, 7 de junho de 2020

Filósofos Portugueses até ao Século XIX

São já tantas as vezes que leio e ouço dizer que nunca houve filósofos em Portugal, que decidi fazer aqui uma enumeração dos pensadores que Portugal deu ao mundo. Neste post escolho tratar só de pensadores em Filosofia Moral (Ética, Filosofia Política) e em Metafísica (Ontologia, Filosofia da Religião), já que a Filosofia Natural veio a dar o que se chamam hoje "as Ciências" e, portanto, os pensadores em Filosofia Natural hão de entrar num post sobre Cientistas Portugueses, como Pedro Nunes, Garcia de Orta ou Amato Lusitano. Porém, a Lógica, que vem da Filosofia Natural, também entra aqui simplesmente porque muitos destes filósofos tendem a usar instrumentos lógicos.

Deixo de fora personagens que, ainda que tenham nìtidamente sido grandes pensadores, são hoje mais conhecidos no domínio de outras áreas, como Santo António, o Rei Dom Duarte I, o Infante Dom Pedro 1.º Duque de Coimbra; o grande matemático Pedro Nunes, o Vice-Rei Dom João de Castro ou o Abade Correia da Serra. De igual modo, escolho deixar de fora personagens anteriores à fundação da nacionalidade, como Paulo Orósio, São Martinho de Dume ou Ibn Marwan; e posteriores à Independência do Brasil, isto é, dos séculos XIX, XX e XXI. Os que ficam, separo-os em três categorias: os que deixaram obra original, os que não deixaram obra original (geralmente pedagogos) e não-portugueses mas ligados a Portugal.

~ Com obra original ~

Pedro Hispano Portucalense [Petrus Hispanus] (1215?-1276?)
Lógico e pedagogo. De propósito não lhe chamei Pedro Julião porque parece cada mais mais evidente que o Petrus Hispanus que escreveu as obras filosóficas não era o mesmo que veio a ser Papa. Obra: Summule logicales (título original: Tratactus). [ref1ref2ref3; ref4ref5]

Frei André do Prado (n. finais do século XIV)
Teólogo. Obras: Horologium fidei; Spiraculum Francisci Mayronis (manuscrito). [ref1]

Diogo Lopes Rebelo (séc. XV)
Teólogo. Obras: Fructus sacramenti poenitentioe, Paris, 1494; Tractatus de productionibus personarum, Paris, 1496; De republica gobernanda per regem, Paris, 1496. [ref1]

Frei João Sobrinho (séc. XV)
Teólogo. Obras: Tractatus perutilinans de iustitia commutativa et arte campsoria seu cambiis ac alearum ludo, Paris, 1496; vários textos manuscritos. [ref1]

Frei João Claro (séc. XV-XVI)
Teólogo. Obras: várias textos no Códice Alcobacense CCLXVII/72. [ref1]

Samuel Usque (séc. XV-XVI)
Escritor. Obra: Consolação às Tribulações de Israel (1553). [ref1]

Vasco de Lucena (1435-1512)
Humanista e tradutor, pertenceu à corte da Duquesa da Borgonha, Dona Isabel de Portugal. É mais comum o seu nome aparecer galicizado como Vasque de Lucène. Não confundir nem com Vasco Fernández de Lucena (m. 1500), diplomata castelhano ao serviço dos reis de Portugal, nem com Vasco Fernandes de Lucena (séc. XV-XVI), um dos primeiros europeus a viver no Brasil. [ref1; ref2; ref3; ref4ref5]

Isaac Abravanel (1437-1508)
Exegeta e diplomata. Obras: Hateret Zekenim (Coroa dos Anciãos), 1557; Mifalot Elohim (Das Obras de Deus) 1592; entre outros textos. [ref1]

Duarte Pacheco Pereira (1460-1533)
Obra: Esmeraldo de Situ Orbis, que circulou manuscrito e só foi publicado em 1892. [ref1]

Iehudad Abravanel [Leão Hebreu] (1465-1534)
Humanista. Obra: Dialoghi di Amore (Diálogos de Amor), 1502. [ref1]

Pedro Margalho (1474-1556)
Estudou as Artes e Teologia na Universidade de Paris. Ensinou nas Universidades de Valladolide de Salamanca. Preceptor do Cardeal Infante Dom Afonso (1529). Vice-reitor da Universidade em Lisboa (1530). Cónego da Sé de Évora (1533). [ref1]

Sebastião Toscano (1515-1583)
Teólogo. Obras: Oração fúnebre de Afonso de Albuquerque, Lisboa, 1566; Mística Teologia, Lisboa, 1568; Commentarii in Jonam Prophetamm, Veneza, 1573. [ref1]

Francisco de Holanda (1517-1584)
Esteta e pintor. Português de ascendência holandesa. [ref1]

Álvaro Gomes (séc. XVI)
Teólogo. Obras: Comentário ou Censuras ao Registo da Sacrossanta Faculdade de Teologia de Paris, 1542; Apologia, 1543; Tratado da Perfeição da Alma, 1550; De conjugio regis angliae cum reclita fratris sui, 1551; entre outros textos. [ref1]

Padre Pedro da Fonseca, S.I. (1528-1599)
Escolástico. Conhecido na sua época como o "Aristóteles Português". Obras principais foram nas áreas da lógica e metafísica: Institutionum dialecticarum (1564), Commentariorum in Libros Metaphysicorum Aristotelis (1577). [ref1; ref2]

Francisco Sanches (1551-1623)
Filósofo da Ciência, céptico e precursor (com Francis Bacon e Michel de Montaigne) da dúvida metodológica que Descartes irá mais tarde desenvolver. Criou a expressão "método científico" (methodus sciendi). Obra: Tractatus philosophici (1649), Opera medica (1636), De multum nobili et prima universali scientia, quod nihil scitur (1581). [ref1ref2ref3ref4ref5]

Retrato de Francisco Sanches, património da Universidade de Toulouse III Paul Sabatier, que vai ser restaurado após uma subscrição pública (crowdfunding) em 2019.

Estêvão Rodrigues de Castro [Stephanus Rodericus Castrensis] (1559-1638)
Estudou as Artes e Medicina na Universidade de Coimbra. Em Florença (1609) foi médico particular dos Grãos-Duques da Toscana. Professor de Medicina na Universidade de Pisa. Obra: De meteoris microcosmi (1621), onde sustenta que o principio material constitutivo das coisas (archeus) seria uno e indivisível. [ref1]

Frei Serafim de Freitas (1570-1633)
Jurista. Obra: De Ivsto Imperio Lvsitanorum Asiatico (Do Justo Império Asiático dos Portugueses), Valhadolid, 1625. [ref1]

Uriel da Costa [Gabriel da Costa Fiuza] (1585-1640)
Céptico. Precursor (e aparentemente professor) de Espinosa. Obra: Exemplar humanae vitae, 1640; Exame das tradições phariseas conferidas com a Ley Escrita, 1624; Propostas contra a tradição, 1618. [ref1ref2]

Baltasar Teles (1596-1675)
Historiador. Como filósofo publicou Summa universae philosophie, 1642. [ref1]

Frei Francisco de Santo Agostinho de Macedo (1596-1681)
Teólogo. Obras: Collationes Doctrinae S. Thomae et Scoti cum differentis inter utrummque sententiarum, 1680; De conceptum, et formalem, et objectivium in ratione entis ad Deum, et Creaturam omnino univocum et praecise aequalemm, et prorsus similem; entre vasta obra. [ref1]

Padre Francisco Soares Lusitano (1605-1659)
Escolástico e pedagogo. Publicou Cursus philosophicus in quattuor tomos distributus (1651). Não confundir com o seu contemporâneo espanhol Francisco Suárez. [ref1; ref2]

Padre António Vieira, S.I. (1608-1697)
Esteta, moralista e orador. Um dos mais influentes pensadores do mundo luso-brasileiro. Obra: vastíssima obra já sobejamente conhecida. [ref1]

Isaac Cardoso (1615-1680)
Experimentalista e médico. Obras: Oración Fúnebre en la Muerte de Lope de Vega Carpio, Madrid, 1630; Discurso sobre el Monte Vesuvio, Madrid, 1632; Del Origen del Mundo, Madrid, 1633; De Febri Syncopali, Madrid, 1634; Panegyrico del Color Verde, Madrid, 1635; Utilidad del Agua y de la Nieve, Madrid, 1637; Si el Parto de trece y quatorce meses es natural, Madrid, 1640; Philosophia Libera in septem liberos distributa, Veneza, 1673; Las excelencias y las calunias de los Hebreos, Amesterdão, 1678. [ref1]

Félix da Costa (1639-1712)
Esteta e escritor maneirista. Obra: Antiguidade da Arte da Pintura. [ref1]

Padre António Cordeiro, S.I. (1641-1722)
Historiador. Obra: Cursus Philosophicus Conimbricensis, 1714. [ref1]

Manuel de Azevedo Fortes (1660-1749)
Lógico e engenheiro. Publicou o primeiro tratado sobre lógica integralmente escrito em português, a Lógica Racional Geométrica e Analítica, Lisboa, 1744. Deixou manuscrito o Discurso Filosófico sobre o Método com que se hão-de aprender as sciencias, Ms. da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, folhas, 148-154. [ref1]

Jacob de Castro Sarmento (1691-1762)
Experimentalista e médico. Obras: Dissertatio in novam, tutam, ac utilem methodum inoculations, seu transplantationis variolarum, Londres, 1731; Materia Medica Physico-Historico-Mechanica, Londres, 1735; Theorica Verdadeira Das Marés, Conforme à Philosophia do incomparavel cavalhero Isaac Newton, Londres, 1737; Appendix ao que se acha escrito na Materia Medica, sobre a natureza, contentos, effeytos, e uso pratico, em forma de bebida, e banhos das agoas das Caldas da Rainha, s.l., 1753. [ref1]

Martinho de Mendonça de Pina e Proença (1693-1743)
Intelectual e pedagogo. [ref1; ref2]

António Nunes Ribeiro Sanches (1699-1783)
Médico e pedagogo. Obra: Método para Aprender e Estudar a Mediana; Cartas sobre a Educação da Mocidade; entre um vasto número de escritos. [ref1]

Matias Aires Ramos da Silva de Eça (1705-1763)
Racionalista e tradutor. Estudou as Artes e Filosofia no Colégio de Santo Antão em Lisboa e na Universidade de Coimbra. Considerado por muitos o maior nome da Filosofia de Língua Portuguesa do seu tempo. Obra: Reflexões sobre a Vaidade dos Homens (1752). [ref1]

Luís António Verney (1713 [ou 1718?]-1792)
Intelectual e pedagogo. Estudou as Artes no Colégio de Santo Antão em Lisboa e na Congregação do Oratório; estudou Teologia na Universidade de Évora e em Roma. Obra: O Verdadeiro Método de Estudar, 1746; De Re Logica ad usum Lusitanorum Adolescentium, 1751; De Re Metaphysica ad usum Lusitanorum Adolescentium, 1753; De Re Physica ad usum Lusitanorum Adolescentium, 1758; Grammatica Latina tratada por num Methodo novo claro e fácil, 1758. [ref1]

Padre Francisco José de Freire, C.O. (1719-1773)
Esteta. De nome arcádico Cândido Lusitano. Obra: Vieira defendido, Lisboa, 1746; Arte Poética ou Regras da Verdadeira Poesia, Lisboa, 1748; Ilustração Crítica, Lisboa, 1751; Arte Poética de Quinto Horácio Flacco, Lisboa, 1758; Dicionário Poético para uso dos que principiam, Lisboa, 1765; Reflexões sobre a Língua Portuguesa, Lisboa, 1842; e manuscritos. [ref1]

Padre Teodoro de Almeida, C.O. (1722-1804)
Das mais expressivas figuras do iluminismo português, sendo porventura o que mais repercussão alcançou além fronteiras, não só com a Recreação Filosófica (10 volumes), mas sobretudo com O Feliz Independente do Mundo e da Fortuna. Obra: Recreação Filosófica (1751-1799), com o declarado intuito de instruir, de uma forma amena, as «pessoas curiosas que não frequentaram as aulas». [ref1; António Braz Teixeira, O Essencial sobre a Filosofia Portuguesa, p. 9]

Dom Frei Manuel do Cenáculo Vilas Boas, O.F.S. (1724-1814)
Intelectual e esteta. Obra vasta mas moderada em originalidade. [ref1]

Padre António Pereira de Figueiredo, C.O. (1725-1797)
Gramático e retórico. Obra: Novo Methodo da Grammatica Latina, Lisboa, 1752 (10 edições até 1797); Elementos de Invenção e Elocução Rethorica ou Principios da Eloquencia, Lisboa, 1759. [ref1]

Padre Manuel Álvares, C.O. (1739-1777)
Lógico e mecanicista. Obra: Instruções sobre a lógica ou diálogos sobre a filosofia racional, Porto, 1760; História da Criação do Mundo conforme as ideias de Moizes e dos Filósofos, Porto, 1762. [ref1]

Bento José de Sousa Farinha (1740-1820)
Pedagogo e orador. Obra vasta. [ref1]

Dona Leonor de Almeida Portugal, 4.ª marquesa de Alorna (1750-1839)
Recreações Botânicas, poesia filosófica e científica. [ref1]

Joaquim José Rodrigues de Brito (1753-1831)
Professor e jurista. Da corrente sensista. Obra: Memórias Políticas sobre as verdadeiras bases da grandeza das nações, e principalmente de Portugal (1803-1805). [ref1]

Silvestre Pinheiro Ferreira (1769-1846)
Empirista. Obras: Considerações sobre a gramática filosófica, Rio de Janeiro, 1808; Prelecções Philosophicas sobre a theorica do discurso e da linguagem, a estética, a diceosyna e a cosmologia, Rio de Janeiro, 1813; Essai sur la Psycologie comprenant la théorie du raisonnement et du langage, l'ontologie, l'esthétique et la dicéosyne, Paris, 1826; Manual do cidadão em um governo representativo ou princípios de direito constitucional, administrativo e das gentes, Paris, 1834; Noções Elementares de Philosophia Geral e Aplicada às Sciências Morais e Políticas, Paris 1839; Teodiceia ou Tratado Elementar da Religião Natural e da Religião Revelada, 1845. [ref1]

Vicente Ferrer Neto Paiva (1798-1886)
Canonista. Obra: Elementos de direito natural ou de philosophia de direito, Coimbra, 1850. [ref1]

~ Sem obra original ~

Infanta Dona Maria de Portugal (1521-1577)
Humanista e mecenas. Filha mais nova do Rei Dom Manuel I. [ref1]

Públia Hortênsia de Castro (1548-1595)
Estudou as Artes e Filosofia nas Universidades de Évora e de Coimbra (com protecção do arcebispo de Évora). Participou em discussões públicas literárias e científicas. Frequenta a corte da Infanta Dona Maria. Faleceu sem ter feito obra marcante, mas do seu talento ficou testemunho o que escreveu em alguns livros de prosa e verso, em cartas escritas em latim e em português, e uns diálogos sobre teologia e filosofia, a que deu o título de Flosculos Theologicales.

Frei João de São Tomás, O.P. [João Poinsot] (1589-1644)
O seu pai, austríaco, era secretário do Cardeal Alberto, Arquiduque da Áustria, sendo sua mãe portuguesa. Estudou as Artes e Teologia na Universidade de Coimbra, depois na Universidade de Louvain. Ensinou Filosofia e Teologia na Universidade de Alcalá de Henares. Obra: Cursus philosophicus e um monumental Cursus theologicus. [ref1]

Padre Inácio Monteiro, S.I. (1724-1812)
Noviciado jesuíta em Évora; estudos de Filosofia e de Teologia nas universidades de Évora e de Coimbra. Partiu para a Itália com a expulsão dos Jesuítas em 1759 (Ferrara).

António Soares Barbosa (1734-1801)
Um dos quatro principais professores de Filosofia após o decreto de expulsão dos Jesuítas. Obra: Opusculum Philosophicum ad usum Tyranum elocubratum (1758); Discurso sobre o bom e verdadeiro gosto na Philosophia (1766); Tractado Elementar de Philosophia Moral, 3 tt. (1792). [ref1]

José Agostinho de Macedo (1761-1831)
Escritor e frade graciano, publicou em 1815 dois textos especulativos O Homem, ou os Limites da Razão e Cartas Filosóficas a Ático. Obras de escassa originalidade onde ecoa uma desconfiança das capacidades cognitivas da razão humana. [António Braz Teixeira, O Essencial sobre a Filosofia Portuguesa, pp. 10-11]


~ Não-portugueses ligados a Portugal ~

Frei Álvaro Pais (1275/80-1349)
Polemista galego. Obras: Speculum Regum, Status et Palnctus Ecclesiae, Colyrium Fidei Adversus Haeresis. [ref1]

Cataldo Sículo (1455-1517)
Humanista e poeta, de seu nome italiano Giovanni Cataldo Parisio. Introdutor das ideias do humanismo renascentista em Portugal. [ref1; ref2]

Luisa Sigea de Velasco (1522-1560)
Conhecida em Português por Luísa Sigeia ou pela versão latinizada Aloysia Sygaea Toletana. Poetisa e intelectual do século XVI, um dos expoentes do humanismo ibérico, que viveu boa parte da sua vida na corte portuguesa ao serviço da Infanta Dona Maria de Portugal (1521-1577), como dama latina. Nascida em Toledo. [ref1; ref2]

Padre Luis de Molina, S.I. (1535-1600)
Estudou Direito e Teologia nas Universidades de Salamanca, de Alcalá de Henares e de Coimbra. Ensina na Universidade de Évora. Foi uma figura destacada da chamada Escola de Salamanca. Obras: Commentaria in primam divi Thomae partem, 2 vols., Cuenca, 1592; Concordia liberi arbitrii cum gratiae?, Lisboa, 1588; De Iustitia et Iure, 3 vols, Cuenca, 1593. [ref1]

Padre Francisco Suárez, S.I. (1548-1617)
Teólogo escolástico e jurista. Obras: De generatione et corruptione, 1575; De fide, Roma, 1583; Disputatio ultima de bello, Roma, 1584; Quaestiones de iustitia et iure, Roma, 1585; De baptismo parvulorum, Alcalá, 1587; De Incarnatione Verbi, Alcalá, 1590; De homicidio in defensionem propriae personae, Alcalá, 1592; Disputationes metaphysicae, 1597; Varia Opuscula Theologica, Madrid, 1599; De opere sex dierum, Coimbra, 1600; De Legibus tractatus, Coimbra, 1601-1603; Tractatus de legibus ac Deo Legislatore, Coimbra, 1612; Antuérpia, 1613; Lyon, 1613; De Defensio Fidei Catholicae adversus Anglicanae sectae errores, Coimbra, 1613; Francoforte, 1614. [ref1]

Bento de Espinosa (1632-1677)
Racionalista, um dos mais importantes filósofos de sempre. Holandês de ascendência portuguesa judaica, também se grafa o seu nome como Baruch Spinoza ou Benedictus de Spinoza. Obra: Ethica, ordine geometrico demonstratTractatus Theologico-Politicus. [ref1]

Padre Rafael Bluteau, C.R. (1638-1734)
Intelectual e escritor de ascendência francesa. Obras: Primicias Evangelicas, ou sermões panegyricos, 1676; Vocabulario Portuguez e Latino, 8 vols., 1721; Prosas Portuguesas, recitadas em diferentes congressos académicos, 1728; Sermões Panegyricos e doutrinaes, t. I (1732), t. II (1733); Instrução sobre a cultura das amoreiras e criação dos bichos da seda, 1769; Diccionario castellano y portuguez, 1841. [ref1]

Para os filósofos posteriores ao século XVIII, aconselho o livro de António Braz Teixeira e outros da colecção O Essencial da INCM.


Referências Geral
[ ] http://www.conimbricenses.org/
[ ] http://www.escritoras-em-portugues.eu/1402845028-Cent.-XVI
[ ] Pedro Calafate (dir.), História do Pensamento Filosófico Português, Lisboa: Editorial Caminho, 1999-2004.
[ ] António Braz Teixeira, O essencial sobre a Filosofia Portuguesa (Sécs. XIX e XX), Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 2008.
[ ] Instituto de Filosofia Luso-Brasileira